O ex-ministro da Justiça Eugenio Aragão disse na tarde deste sábado, 3, em entrevista à TV247, que a perda de mandato e a prisão do ex-juiz Sérgio Moro estão mais perto do que se pensa.
Aragão comentou a entrevista-bomba do delator Tony Garcia, em que o empresário apresentou uma série de denúncias contra a atuação do ex-juiz suspeito e hoje senador, Sergio Moro.
Tony Garcia, que atuou como agente de Moro em suas investigações, relatou ao jornalista Joaquim de Carvalho uma série de abusos de autoridade praticados pelo ex-juiz suspeito. Segundo Garcia, Moro teria transformado Curitiba na ‘Guantánamo brasileira’. Ele também acusou o ex-juiz suspeito de coagi-lo a forjar informações à revista Veja que pudessem comprometer o ex-ministro José Dirceu.
Na avaliação de Eugênio Aragão, Moro executou uma operação de sabotagem contra o Brasil e terá de prestar explicações sobre seus métodos “escabrosos”.
“Devo dizer que Moro agiu como líder de máfia. A hora é de colocar essa sujeirada toda em pratos limpos”, disse o ex-ministro da Justiça.
“Quanto mais fio se puxa nesse imbróglio da Lava Jato, mais novelos aparecem. Não há dúvida de que foi uma operação montada por gente sem escrúpulos, comandado por um juiz que nunca respeitou sua toga e menos ainda o sistema de justiça. Ele operou em um misto de ódio, político e profissional (recalque), e levou a cabo o projeto de sabotar um país que estava mostrando independência e altivez no plano internacional”, disse Eugênio Aragão.
“Pelas revelações recentes, arrisco a dizer que a perda de mandato e a prisão do ex-juiz estão mais perto do que se pensa. Moro terá que dar satisfação até mesmo de material apreendido, que sequer entrou nos autos, e os métodos escabrosos adotados por ele para coagir e incriminar seus adversários políticos e de profissão. Devo dizer que Moro agiu como líder de máfia. A hora é de colocar essa sujeirada toda em pratos limpos”, revelou o ex-ministro.
Prisão preventiva
Quem também fez uma análise sobre a entrevista do empresário e ex-deputado federal Tony Garcia foi jornalista investigativo Joaquim de Carvalho.
Ele avaliou que já pode ser cogitada a prisão preventiva do ex-juiz suspeito e atual senador Sergio Moro (União-PR) para que ele não interfira nas investigações, dado seu grau de envolvimento e aparente periculosidade.
O empresário revelou que Moro e personagens que depois se tornaram procuradores da Lava Jato o instruíram, ainda em 2006, a conceder uma entrevista ao jornalista Alexandre Oltramari, da revista Veja, para tentar incriminar o ex-ministro José Dirceu.
Garcia concedeu a entrevista ao jornalista em 2006 e, em 2012, Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da Ação Penal 470, o chamado Mensalão, com voto da ministra Rosa Weber, que tinha Sérgio Moro como juiz auxiliar.
Joaquim afirmou que Garcia tem provas de suas acusações e procura um juiz adequado para apresentá-las: “O que [Tony] quer é um juiz independente. [Pode ser o] Dias Toffoli, pode ser o corregedor nacional de Justiça, e o que ele conta é que ele tem provas. E ele disse isso: ‘eu não posso falar, porque tenho que falar no momento apropriado e para um juiz apropriado’. E vai entregar as provas!”
O jornalista, então, ponderou acerca da necessidade de uma prisão de Sergio Moro: “E o que Tony entregar, eu vou falar sério, tem que ter no mínimo imediatamente busca e apreensão [contra Sergio Moro e outros possíveis envolvidos], e, como o Moro parece ser uma pessoa perigosa, pelo que ele relata, você tem que cogitar uma prisão preventiva, para a instrução criminal, para que ele não interfira na instrução criminal”. (Foto: Reprodução)