Segunda fase do Desenrola Brasil, para pessoas endividadas que ganham até dois salários mínimos, começa em 9 de outubro e deve beneficiar 32 milhões de pessoas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como um “enorme sucesso” o leilão de credores na renegociação de dívidas do programa Desenrola Brasil. No total, 654 empresas participaram do leilão, que alcançou 83% em desconto médio para as dívidas renegociadas. Assim, o valor total das dívidas leiloadas, que era de R$ 151 bilhões, caiu para R$ 25 bilhões, com desconto de R$ 126 bilhões. “O programa pode ser considerado um enorme sucesso. Nós não esperávamos esse resultado, de maneira que os R$ 151 bilhões, com os descontos aplicados, se transformaram em R$ 25 bilhões”, afirmou o ministro, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (29) durante apresentação dos dados da segunda fase do programa.
A etapa dos leilões antecede o lançamento da segunda fase do Desenrola – a Faixa 1 do programa – voltada a renegociar débitos de pessoas que ganham até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Assim, a partir do dia 9 de outubro, quem tem dívidas de até R$ 20 mil poderá renegociar seus débitos com desconto e limpar o nome. Nesta etapa, o programa pode beneficiar até 32,3 milhões de pessoas. “Estamos bastante felizes com os resultados. Estamos falando de R$ 150 bilhões que podem eventualmente ser quitados. O que vai permitir que as pessoas possam ter um último trimestre do ano bastante mais confortáveis, com o nome limpo, o crédito recuperado, para ter um final de ano melhor”, disse Haddad.
“São surpreendentes esses dados. Isso, combinado ao aumento de renda, queda do desemprego e da taxa de juros, que estamos vendo, pode nos permitir um quarto trimestre melhor do que o esperado”, completou o ministro.
Os interessados poderão renegociar suas dívidas com descontos e pagá-las à vista ou em até 60 meses, com juros de até 1,99% ao mês. Para ingressar na plataforma e poder renegociar as dívidas é preciso fazer antes o cadastro no Gov.br em contas prata ou ouro. “Os bancos vão poder competir, e os devedores poderão escolher pela plataforma a melhor taxa de juros. A Selic caindo o consumidor vai poder refinanciar suas dívidas com juros ainda menores”, disse o ministro.
Haddad chegou a descartar o lançamento de um novo Desenrola no ano que vem. No entanto, o ministro prevê vida longa para a tecnologia elaborada, inédita em outros países, segundo ele. “Se você me pedir uma previsão, eu diria que essa plataforma vai continuar sendo utilizada ao longo dos anos. Ela é um instrumento novo de fazer um encontro de contas entre credores e devedores que, até onde sei, não existe em outro país”.
Por outro lado, o ministro ressaltou que grande parte dos prováveis beneficiários do Desenrola possuem dívidas acumuladas no rotativo do cartão de crédito. Ele classificou como “dramático” os juros de até 450% cobrados no rotativo, modalidade de crédito mais cara do país. “Ninguém consegue pagar”. Como uma das soluções Haddad defendeu a aprovação do projeto de lei do Desenrola, que possui uma emenda que limita os juros abusivos do rotativo. Pela proposta, o Conselho Monetário Nacional (CMN) terá 90 para propor uma solução para o problema. Ou então os juros ficarão limitados a 100% do valor da dívida. Após aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta quinta (28), a proposta deve ir ao Plenário na próxima segunda (2).
(Foto: Diogo Zacarias/ Ministério da Fazenda)