Desemprego de longa duração recuou 17,3% no segundo trimestre, menor índice desde 2015

No trimestre encerrado em junho de 2024, 1,7 milhão de pessoas buscavam emprego há mais de dois anos

 

A taxa de desemprego está caindo tanto que até as pessoas que estão em busca de uma vaga há mais de dois anos estão conseguindo se recolocar no mercado de trabalho. O número de brasileiros à procura de uma oportunidade por um período de dois anos ou mais caiu 17,3% no trimestre encerrado em junho. Agora, são 1,7 milhão de pessoas nessa situação, o menor patamar para um segundo trimestre desde 2015.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada nesta quinta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IBGE divide o desemprego em diferentes categorias, de acordo com o tempo de procura.

Em todas as faixas de tempo, o desemprego caiu mais de 10%. Em menos de um mês, a queda foi de 10,2%; entre um mês a menos de um ano a redução foi de 11%; entre um ano a menos de dois anos, o recuo foi de 15,2%; e de dois anos ou mais, o decréscimo foi de 17,3%, a maior de todas as faixas.

Para Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostras de Domicílios do IBGE, a expansão da ocupação em atividades de baixa complexidade, que demandam menor especialização, permite que seja abarcado um conjunto maior de pessoas que estavam procurando trabalho, até aquelas que estavam em um padrão mais crônico de buscas.

“O crescimento da ocupação tem refletido positivamente entre os que buscam trabalho, à medida que passam a registrar menor tempo de procura. O crescimento da demanda por trabalhadores em várias atividades, como comércio e serviços de baixa ou alta complexidade, tem contribuído para a retração desse tempo de procura”, explicou Beringuy.

 

Desemprego recua em 15 unidades da federação

Quando observada a taxa de desemprego por estado, houve recuo em 15 das 27 federações do país. A maior queda foi observada na Bahia (-2,9 pontos percentuais), já que o estado passou de uma taxa de desocupação de 14% no primeiro trimestre para 11,1% no segundo trimestre. Apesar disso, o mercado de trabalho baiano apresenta o segundo maior índice do país, ficando atrás apenas de Pernambuco (11,5%).

O Distrito Federal fecha o ranking das maiores taxas de desocupação do País no último trimestre, com margem de 9,7% de desempregados. Já as menores, foram anotadas em Santa Catarina (3,2%), Mato Grosso (3,3%) e Rondônia (3,3%).

A média da taxa de desemprego no país caiu 1 ponto percentual, passando de 7,9% para 6,9% no período, conforme divulgado no fim de julho. Além da Bahia, outros nove estados tiveram queda acima da média nacional: Piauí (-2,4 pontos percentuais, ao passar de 10% para 7,6%), Amazonas (-1,9 ponto percentual, ao passar de 9,8% para 7,9%), Alagoas (-1,8 ponto percentual, ao passar de 9,9% para 8,1%), Tocantins (-1,7 ponto percentual, ao passar de 6% para 4,3%), Acre (-1,7 ponto percentual, ao passar de 8,9% para 7,2%), Espírito Santo (-1,4 ponto percentual, ao passar de 5,9% para 4,5%), Maranhão (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,4% para 7,3%), Ceará (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,6% para 7,5%) e Pará (-1,1 ponto percentual, ao passar de 8,5% para 7,4%).

Minas Gerais e São Paulo tiveram a mesma queda da média nacional, sendo que o primeiro recuou de 6,3% para 5,3% e o segundo, de 7,4% para 6,4%. Com quedas menos intensas do que a média nacional, aparecem Goiás (-0,9 ponto percentual, ao passar de 6,1% para 5,2%), Rio de Janeiro (-0,7 ponto percentual, ao passar de 10,3% para 9,6%) e Santa Catarina (-0,6 ponto percentual, ao passar de 3,8% para 3,2%). Este último estado apresentou a taxa mais baixa entre todas as unidades da federação.

Mato Grosso e Rondônia mantiveram-se estáveis e com taxas semelhantes a Santa Catarina (3,3%). Ainda na casa dos 3 pontos, aparece Mato Grosso do Sul, com 3,8%. Além desses, apresentaram estabilidade na taxa de desocupação, Paraná (4,4%), Rio Grande do Sul (5,9%), Roraima (7,1%), Paraíba (8,6%), Amapá (9%), Sergipe (9,1%), Rio Grande do Norte (9,1%), Distrito Federal (9,7%) e Pernambuco (11,5%).

 

Desigualdade de gênero e raça

Os números da Pnad também mostram que a desigualdade de gênero se mantém no mercado de trabalho. A taxa de desocupação das mulheres era de 8,6% em junho, acima dos 6,9% do país. Considerando apenas os homens, o índice é menor: 5,6%.

Da mesma forma, os brancos conseguem emprego com mais facilidade que os negros. A taxa de desemprego entre brancos era 5,5% no segundo trimestre, mais baixa que a de pretos (8,5%) e pardos (7,8%).

Quando considerado o nível de instrução, a taxa de desemprego de pessoas com ensino médio incompleto (11,5%) é mais que o triplo do grupo que tem diploma (3,6%).

(Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress)

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