Desemprego cai para 7,5%, menor taxa até novembro desde 2014

Brasil tem 100,5 milhões de ocupados com trabalho, novo recorde da série, e 8,2 milhões de desempregados, diz IBGE

 

A taxa de desemprego recuou a 7,5% no trimestre até novembro de 2023 no Brasil, apontou nesta sexta-feira (29) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a menor desde o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2015, quando ficou também em 7,5%. Para trimestres móveis encerrados em novembro é a menor desde 2014, quando estava em 6,6%.

O número de pessoas ocupadas foi estimado em 100,5 milhões, o que equivale a um crescimento de 0,9% na comparação com os três meses anteriores. Esse contingente atingiu novamente o maior patamar da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. São 815 mil pessoas a mais do que no trimestre móvel até novembro de 2022.

“É a terceira queda consecutiva da taxa de desocupação e, no trimestre encerrado em novembro, essa retração segue o movimento do mesmo período nos anos anteriores, quando, de modo geral, há redução nesse indicador. Nesse trimestre, a queda é explicada pela expansão no número de pessoas ocupadas”, explica a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

Com a alta, a população com carteira assinada no setor privado se aproximou do recorde máximo da série histórica da Pnad Contínua, registrado no segundo trimestre de 2014, quando ficou em 37,8 milhões de trabalhadores. A população desocupada, que não está trabalhando, mas busca ativamente por uma vaga, ficou em 8,2 milhões, 539 mil pessoas a menos do que no trimestre móvel até novembro de 2022.

É o menor número de pessoas na fila do desemprego desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2015, quando havia 8,15 milhões de pessoas nessa condição. “Essa redução da taxa de desocupação foi induzida por um aumento na população ocupada, que é a população que estava trabalhando, que atingiu um contingente de 100 milhões de pessoas, o maior da série”, explicou Adriana Beringuy.

A geração de vagas formais no setor privado superou até mesmo o montante total de vagas criadas em um ano. Isso porque houve queda de 105 mil trabalhadores no setor público. Houve aumento também nos empregos informais. Em um ano, são 592 mil trabalhadores informais a mais, atingindo um total de 39,4 milhões de pessoas. Com isso, a taxa de informalidade foi de 39,2% da população ocupada, contra 39,1% no trimestre móvel imediatamente anterior e 38,9% em igual período de 2022.

 

Renda do trabalho

O mercado de trabalho também melhorou pelo lado da renda. O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 3.034, alta de 3,8% em relação a um ano antes. Ante o trimestre móvel imediatamente anterior, houve alta de 2,3%. Com isso, a massa de rendimento — a soma de todos os rendimentos brutos dos trabalhadores — ficou em R$ 300,2 bilhões, novo recorde de máxima da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Houve avanço de 4,8% em um ano.

“No trimestre, esse crescimento foi mais acentuado entre os empregados com carteira no setor privado (2,1%) e os trabalhadores por conta própria com CNPJ (7,6%). Vale ressaltar que na comparação anual nenhuma forma de inserção apresentou queda no rendimento, seja no trabalho formal, seja no informal. Todos registraram variação positiva”, destaca a coordenadora do IBGE.

Seguindo o aumento do rendimento médio, a massa de rendimento alcançou novamente o recorde na série histórica da pesquisa, ao totalizar R$ 300,2 bilhões. O crescimento foi de 3,2% no trimestre e de 4,8% no ano. “O aumento é explicado pela combinação da expansão do número de pessoas inseridas no mercado de trabalho e do aumento do rendimento médio desses trabalhadores”.

 

Dinâmica positiva, com vagas formais

Os números da Pnad Contínua vêm apontando, nos últimos meses, uma dinâmica positiva no mercado de trabalho, na avaliação de economistas. Na quinta-feira, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que foram abertas 130,1 mil vagas formais em novembro, no saldo entre admissões e demissões. No acumulado dos 11 primeiros meses de 2023, o saldo positivo aponta para 1,9 milhão de postos a mais.

Os dados, do Caged, cadastro do MTE, são diferentes dos divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. A Pnad Contínua mede a ocupação e a desocupação em todos os tipos de trabalho e em todas formas de contratação, incluindo empregados que atuam de forma irregular e atividades informais, como a de vendedores ambulantes.

Mesmo que analistas sigam com a perspectiva de redução do ritmo de melhora em 2024, os dados de 2023 superaram as projeções ao longo do ano. O desempenho do mercado de trabalho condiz com a atividade econômica. À medida que 2023 foi avançando, o crescimento econômico também foi se mostrando mais acelerado do que o inicialmente estimado por economistas, puxado em parte pelo consumo das famílias, que tem na melhoria do mercado de trabalho um de seus motores.

(Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles)

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