A maior queixa deve-se à postura de Ciro na disputa eleitoral em Fortaleza. Deputados acusam Ciro de ter dado “apoio velado” ao deputado federal bolsonarista André Fernandes
A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá nesta quarta-feira (30) para discutir o futuro do ex-ministro Ciro Gomes no partido. Parte dos parlamentares sugere que ele seja “convidado a se retirar”, enquanto outros defendem sua remoção da vice-presidência nacional do PDT, alegando que suas ações recentes estão em desacordo com os interesses da legenda.
A insatisfação com Ciro se intensificou durante as eleições municipais em Fortaleza e Belo Horizonte. Em agosto, ele criticou a candidatura de Duda Salabert (PDT-MG) à prefeitura da capital mineira, dizendo que ela “não tem preparo” para o cargo. Em Fortaleza, sua postura foi interpretada como um “apoio velado” a Fernandes, adversário do petista Evandro Leitão, o que causou grande descontentamento interno.
Parlamentares acusam Ciro de ter seguido um “rumo diferente” do partido e de ter prejudicado candidaturas pedetistas nas eleições de 2024. Eles temem que sua postura comprometa o desempenho da legenda em 2026, ano decisivo para atingir a cláusula de barreira — que exige eleger 13 deputados ou obter 2,5% dos votos válidos para garantir a continuidade do partido.
Entre os defensores da expulsão está o deputado Josenildo (PDT-AP), que declarou: “Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar consensualmente no partido”. Segundo ele, a conduta de Ciro tem afastado o PDT de seu caminho e dificultado seu crescimento.
A Juventude do PDT também divulgou uma nota pública criticando Ciro. Em resposta, ele pediu “mais respeito” e afirmou que o partido “não é nem nunca será um puxadinho do PT”. As tensões aumentaram ainda mais após o rompimento de Ciro com seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB-CE), o que levou à saída de Cid e seus aliados do PDT e ao afastamento do partido da base do governo estadual.
O saldo do pleito municipal agravou a crise interna. No primeiro turno, o PDT teve um dos piores desempenhos entre os partidos, perdendo 163 prefeituras em relação a 2020 e ficando com apenas 148 municípios. No Ceará, reduto histórico da legenda, o partido caiu de 67 prefeitos eleitos em 2020 para apenas cinco, aumentando a pressão pela revisão de rumos.
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