Deputada do PL é cassada por usar verba do fundo eleitoral para bancar harmonização facial

Natural de Macapá, no Amapá, a parlamentar de 48 anos já atuou em outras áreas antes da política, como no atletismo e nas artes cênicas, além de ter estudado fisioterapia

 

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá determinou a cassação do mandato da deputada federal Silvia Waiãpi (PL). Nesta quarta-feira (19), o colegiado rejeitou por unanimidade as contas de campanha da parlamentar, acusada de gasto ilícito do dinheiro público destinado às eleições de 2022. O Ministério Público Eleitoral do Amapá enviou ao Tribunal Regional Eleitoral do estado uma representação em que uma ex-funcionária da deputada denunciou a malversação de dinheiro público.

Silvia Waiãpi foi acusada de usar R$ 9 mil — parte do dinheiro recebido do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) — para cobrir as despesas de um procedimento estético no rosto.  No processo, Maite Martins Mastop, ex-coordenadora da campanha de Sílvia, relatou como teria pagado o procedimento de harmonização facial da candidata. Durante sessão de ontem, os desembargadores do Tribunal eleitoral acompanharam trecho do depoimento prestado pelo cirurgião-dentista, que confirmou ter realizado o procedimento estético em Silvia e de ter recebido pagamento pela então assessora eleitoral da parlamentar, em Macapá.

Por meio de sua a assessoria, Silvia informou na manhã desta quinta-feira (20) que soube da decisão pela imprensa e que as contas de sua campanha já haviam sido aprovadas pelo TRE-AP. Caberá recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a parlamentar foi eleita para seu primeiro mandato político nas últimas eleições, quando conseguiu 5.435 votos e foi a deputada federal menos votada do Brasil.

Natural de Macapá, no Amapá, a parlamentar de 48 anos já atuou em outras áreas antes da política, como no atletismo e nas artes cênicas, além de ter estudado fisioterapia. No perfil do Instagram, Silvia Waiãpi se descreve como “Mãe, Avó, Indígena, Militar, Republicana Conservadora”. Ela afirma também ser “Defensora da Mulher, da Criança e da Família” e “Embaixadora da Paz”, além de deputada federal.

Eleita empunhando a bandeira dos povos indígenas durante a campanha, a deputada causou polêmica ao votar a favor da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas, aprovada em setembro do ano passado no Congresso Nacional. Na Câmara, ela é autora ou coautora de 128 propostas legislativas. A mais recente, em que assina com outros deputados, apresentada quarta-feira,19, dispõe sobre a obrigatoriedade de hospitais, clínicas e unidades básicas de saúde notificarem a polícia sobre abortos decorrente de estupro realizados nesses locais.

Além da recente carreira na política, Silvia também prestou serviço militar durante 15 anos, sendo a primeira indígena a entrar para o Exército Brasileiro, onde chegou a posição de tenente. Em julho do ano passado, durante o depoimento de Mauro Cid, a deputada prestou continência ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, investigado por um esquema de fraudes de documentos de vacinação de familiares do ex-presidente e por ter o roteiro de uma tentativa de golpe de Estado armazenado no telefone celular.

Em 2018, Silvia participou do governo de transição de Bolsonaro. Durante o governo dele, em 2019, ela foi nomeada para ser secretária de Saúde Indígena, pasta vinculada ao Ministério da Saúde, nomeação que sofreu resistência de organizações de povos indígenas, que chegaram a pedir a exoneração da secretária. Em 2021, ela foi nomeada Conselheira Nacional de Promoção da Igualdade Racial, cargo vinculado ao Ministério da Mulher, dirigido por Damares Alves.

Além da cassação do mandato, Silvia também passou a ser investigada pela Justiça por suposto envolvimento nos ataques de 8 de Janeiro. A deputada teria postado vídeos endossando os ataques, conduta que virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

(Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

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