Deltan Dallagnol tinha como obsessão emparedar ministro Dias Toffoli

Enquanto liderou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o ex-procurador Deltan Dallagnol buscou fazer pressão na opinião pública para emparedar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, autor de uma série de decisões que impuseram graves derrotas para a Lava Jato.

Mais do que isso: Deltan incentivou a Lava Jato a investigar Toffoli ainda que ilegalmente, já que os procuradores não tinham poder de fogo sobre um ministro do Supremo.

Os planos de Deltan foram compartilhados em grupos de Telegram. As mensagens hackeadas foram apreendidas no âmbito da Operação Spoofing.

O Jornal GGNteve acesso aos diálogos. Elas mostram Deltan e colegas de Curitiba e Brasília em conversas que alcançam Toffoli.

Deltan, ao que tudo indica, tinha uma obsessão: encontrar, a qualquer custo, um motivo para afastar Toffoli da tomada de decisões na Lava Jato. Porém, sua melhor chance de atingir seus objetivos parece ter sido frustrada quando um vazamento para a revista Veja expôs a fragilidade das acusações da OAS contra o ministro do Supremo.

Em conversas de outubro de 2018, Deltan e os procuradores da antiga força-tarefa da Lava Jato tratavam Toffoli praticamente como inimigo da Lava Jato, depois que ele suspendeu ação penal contra o ex-ministro petista Guido Mantega. Foi quando Deltan bolou um plano achando que poderia forçar Toffoli a devolver o processo à 13ª Vara de Curitiba.

“To pensando no caso da medida provisória do Mantega. Vcs tem em que dia foi suspenso pelo Toffoli? O que acham de começarmos uma contagem progressiva? Posso fazer no twitter: Fazem X dias que Toffoli suspendeu a ação X e que não podemos trabalhar nesse caso”, propôs Deltan Dallagnol.

O ex-procurador e deputado cassado ainda acrescentou: “Precisamos pressioná-lo de algum modo. Se não ele vai sentar nisso indefinidamente.”

Mantega faria 70 anos em poucos meses, e a Lava Jato parecia preocupada em evitar que a prescrição de pena em função da idade fosse usada pela defesa. O ex-ministro foi alvo de uma proliferação de denúncias na Lava Jato. Numa delas – a que Deltan se refere no diálogo – Mantega estava sendo acusado de negociar propina de R$ 50 milhões da Odebrecht para encaminhar duas medidas provisórias.

Neste caso, Toffoli anulou as decisões da 13ª Vara e encaminhou o processo de Mantega à Justiça Federal do Distrito Federal, que posteriormente rejeitou a denúncia por considerar as provas insuficientes para a abertura da ação penal.  ( Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

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