Delação ameaçada? Defesa de Mauro Cid diz que áudios são “desabafo”

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse que “não passam de desabafos” os áudios divulgados pela revista Veja nesta quinta-feira (19) em que o militar faz críticas à condução da Polícia Federal (PF) e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os advogados não confirmaram a autenticidade dos áudios e alegaram que eles não “comprometem a lisura, seriedade e correção” da delação.

Em nota divulgada nesta noite, a defesa afirma que Cid “em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”.

No comunicado, a defesa diz que que os áudios “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”, pontua.

Os advogados, porém, afirmam que os áudios não “comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial”.

Fontes da PF afirmam que o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid corre risco de ser cancelado se confirmada a veracidade dos áudios.

Nos áudios revelados pela revista, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que foi pressionado por agentes da investigação a relatar fatos que não aconteceram e que não tinha conhecimento.

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, relatou.

No áudio, Cid diz ainda que a PF já tem “a narrativa pronta” que Alexandre de Moraes já tem a sentença pronta.

“O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”, disse.

Os áudios teriam sido gravados após o último depoimento de Cid à PF, em 11 de março.

Cid é considerado uma das principais peças da apuração sobre a possível tentativa de golpe encabeçada por Bolsonaro, integrantes de seu governo e aliados. O STF homologou o acordo de delação do ex-ajudante de ordens em 9 de setembro de 2023.

Como a delação está em andamento, o STF mantém sob sigilo o acordo. Cid já prestou sete depoimentos à PF. O último durou aproximadamente oito horas. (Foto: Reprodução)

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