Henrique Acker (correspondente internacional) – Apesar do pouco destaque dos meios de comunicação ocidentais, o encontro entre Vladimir Putin e Xi Jinping, ocorrido na China em 16 e 17 de maio, fortaleceu ainda mais a unidade entre as duas potências mundiais. Da Declaração Conjunta, firmada entre os chefes de estado, constam diversos pontos relevantes nas relações entre os dois países e de interesse global (*).
O estreitamento dos laços entre Rússia e China revela o esforço de superar antigas divergências e a formação de um bloco oriental que se consolida cada vez mais, em contraposição aos EUA e a União Europeia, apesar de Putin ressaltar que as relações entre a Rússia e a China “não são dirigidas contra ninguém”.
Salto no comércio bilateral
A visita de Putin ocorreu no momento em que a Rússia está economicamente cada vez mais dependente da China, depois das sanções ocidentais impostas após a invasão russa da Ucrânia.
Nos últimos dois anos, a Rússia dirigiu a maioria das suas exportações de energia para a China e confiou a empresas chinesas a produção de componentes de alta tecnologia para as forças armadas russas, visando contornar as sanções ocidentais.
Só em 2023, o comércio China-Rússia ultrapassou os US$ 240 bilhões, quase 2,7 vezes o valor de dez anos atrás.
Troca de elogios
Putin elogiou o programa chinês “Uma Faixa, Uma Rota” – mais conhecido como Rota da Seda do século XXI -, um plano estratégico de comércio e intercâmbio que envolve mais de 60 países, ligados pelas vias marítima, rodoviária e ferroviária.
“Juntos, defendemos os princípios da justiça e uma ordem mundial democrática que reflete as realidades multipolares e se baseia no direito internacional”, afirmou Putin.
Xi Jinping destacou que os dois países estão aprofundando suas relações como “bons vizinhos, bons amigos, bons parceiros”, e disse esperar que a paz e a estabilidade na Europa sejam rapidamente restabelecidas.
Xi declarou que a China continuará a desempenhar um papel construtivo no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Putin agradeceu a Xi pela intervenção na tentativa de resolver o conflito, reforçando o apoio do governo russo à política de “uma só China”, quanto ao desejo de Pequim de reintegrar Taiwan ao território chinês. (Foto: Vladimir Astapkovich / Sputnik)
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(*) Clique no link abaixo, para ter acesso à íntegra da Declaração Conjunta firmada entre Rússia e China, durante o encontro de Xi Jinping e Vladimir Putin, em 16 e 17 de maio de 2024, em Pequim. A tradução do documento foi publicada pelo sítio O Cafezinho.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)