Datafolha: Nunes tem 55% e Boulos 33% no segundo turno

Prefeito herda 84% dos votos de Marçal; deputado fica com metade dos votos de Tabata

 

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) segue à frente de Guilherme Boulos (PSol) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, indicam dados divulgados pela pesquisa Datafolha na tarde desta quinta-feira (10). Nunes tem 55% de intenções de voto, enquanto Boulos tem 33% do eleitorado.

Essa é a primeira pesquisa do instituto neste segundo turno. De acordo com o levantamento, Nunes deve levar 84% dos eleitores de Marçal, enquanto o deputado federal deve ficar com apenas 4%. Dos eleitores de Tabata, 50% devem migrar para o psolista, enquanto outros 35% podem caminhar para o atual prefeito. Brancos, nulos e nenhum somam 10%. Cerca de 2% ainda não sabem em quem votar.

O atual prefeito ganhou o apoio formal de Marina Helena (Novo), que teve 84.212 votos, e do PSDB, partido de José Luiz Datena — que recebeu 112.344 votos no domingo e que pessoalmente decidiu optar pela neutralidade no segundo turno. Já Boulos recebeu a declaração de apoio de Tabata Amaral (PSB), a quarta colocada da disputa, com pouco mais de 600 mil votos.

No levantamento anterior, divulgado na véspera do primeiro turno, a simulação do Datafolha apontava placar de 52% a 37% favorável a Nunes. Considerando a margem de erro da sondagem mais recente, de três pontos percentuais para mais ou menos, é possível atestar que o cenário permaneceu estável em cinco dias.

Nunes foi o candidato com a maior votação no último domingo, com 29,48% dos votos válidos — só 25 mil a mais que Boulos, e 82 mil a mais que Pablo Marçal (PRTB), o terceiro colocado. O espólio eleitoral do ex-coach é alvo de desejo dos dois adversários agora no segundo turno: Marçal disse que “jamais apoiaria” Boulos, mas negou também declarar voto em Nunes, dizendo não ser o “dono do voto de ninguém” e liberando seus eleitores a escolher quem quiserem.

Boulos quer ampliar a fatia que abocanha desse eleitorado, mas enfrenta rejeição numericamente maior que seu adversário nesse grupo: 32% dos apoiadores de Tabata dizem não votar “de jeito nenhum” no deputado, e 21% afirmam o mesmo em relação a Nunes.

A atual distância entre os dois candidatos, de 22 pontos percentuais, é superior à que Boulos enfrentou no início da disputa contra Bruno Covas (PSDB) em 2020. À época, o candidato do PSOL precisava tirar uma diferença de 13 pontos, mas acabou 16 pontos atrás do tucano na contagem final dos votos.

Para conquistar uma virada, a esta altura improvável, não basta para Boulos conquistar o voto daqueles que hoje não estão convictos de suas escolhas. São só 15% os que admitem a possibilidade de mudar de ideia até o dia 27, menos do que o deputado precisa para superar o prefeito.

Um dos núcleos que devem ser assediados pela campanha do candidato do PSol é o de eleitores que votaram no presidente Lula (PT) em 2022. Boulos chegou ao primeiro turno com apoio de cerca de metade desse contingente, e agora tem a promessa de voto de 63% do grupo, contra 31% que escolhem Nunes. O problema para o psolista é que, embora tenha votado em seu principal padrinho político há dois anos, essa parcela considerável de lulistas que agora escolhe o atual prefeito também rejeita Boulos como opção (27% dizem não votar nele “de jeito nenhum”).

O Datafolha fez entrevistas presenciais entre terça e quinta-feira e buscou entender o motivo das escolhas dos eleitores. Os apoiadores de Boulos são os que mais justificam seus votos com a afirmação de que o psolista é “o candidato ideal” (56%), enquanto 31% dos eleitores de Nunes dizem o mesmo sobre o emedebista. São 68% os que votam em Nunes porque “não há opção melhor”, contra 43% dos apoiadores do deputado que fazem essa escolha por rejeitarem o atual prefeito.

Na pesquisa espontânea, em que o entrevistado fala em quem pretende votar sem ser lembrado de suas opções, Nunes marca 41%, contra 29% de Boulos. O fato de haver um equilíbrio maior nesse modelo é mais um indicador de que os eleitores do psolista têm mais afinidade com o candidato do que os apoiadores do candidato à reeleição.

A pesquisa foi contratada pela TV Globo junto ao jornal “Folha de São Paulo” e considerou entrevistas com 1.204 eleitores de 16 anos ou mais. Na Justiça Eleitoral, o levantamento está registrado sob o código SP-04306/2024.

(Foto: Montagem/TV Cultura)

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