Transferência de padrinhos poderosos não é automática na corrida para a prefeitura de São Paulo; Marçal e Datena tiram votos bolsonaristas de atual prefeito
Empatados tecnicamente na pesquisa Datafolha divulgada nesta semana pelo jornal F. de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) têm dificuldade para herdar os votos que seus padrinhos tiveram na eleição de 2022. No principal cenário pesquisado, o deputado federal do PSol aparece com 24% das intenções de voto, e o prefeito com 23%. A pesquisa mostra que nem todo eleitor que votou em Lula (PT) ou em Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais tende a concordar com os padrinhos políticos na disputa à Prefeitura de São Paulo.
De acordo com o levantamento, entre os eleitores do petista em 2022, 44% afirmam que devem votar em Guilherme Boulos (PSol). Já o vínculo do ex-presidente com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se mostra ainda mais frágil: 39% das pessoas que votaram em Bolsonaro disseram que votarão no emedebista.
Outro cenário avalia como se comportam os eleitores que votaram em Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo paulista na última eleição. A pesquisa revela que, entre os eleitores do atual ministro da Fazenda, 47% têm intenção de votar em Boulos. Já entre os eleitores do atual governador, 37% afirmam que devem votar em Nunes.
Os resultados mostram que Boulos têm uma aderência maior a seus padrinhos políticos do que Nunes, e de fato o deputado federal psolista tem reforçado o vínculo, com agendas conjuntas tanto com Lula quanto com ministros do governo federal. Nunes, por sua vez, tem o apoio de Bolsonaro, mas a aparição dos dois juntos é mais rara e sua influência é mais discreta.
Terceira colocada, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) tem maior aderência entre eleitores de Lula, apesar de não contar com o apoio do petista: 9% de quem votou no presidente no último pleito votaria em Tabata, taxa que cai para 4% entre os eleitores de Bolsonaro. José Luiz Datena (PSDB), por sua vez, tem índices parecidos entre os eleitores dos dois espectros, marcando 7% entre os lulistas e 8% entre bolsonaristas.
O coach Pablo Marçal (PRTB), mais novo pré-candidato na disputa, é a intenção de voto de 14% entre os eleitores de Bolsonaro, e de 1% entre quem votou no PT para presidente em 2022. O Datafolha mostrou que a influência dos padrinhos até o momento é relevante, mas não decisiva. Ricardo Nunes teria hoje 18% dos votos dos entrevistados por causa do apoio do ex-presidente, enquanto Boulos arregimenta 23% dos paulistanos por ser vinculado ao presidente.
Na rejeição, 45% dos eleitores da capital paulista não votariam de jeito nenhum em alguém apoiado por Lula— ante 42% da pesquisa realizada em março. Já o apoio de Bolsonaro encontra rejeição de 61%. Em março, o levantamento apontou 63%. Com a margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, os políticos estão, no entanto, em uma curva inversa.
A pesquisa foi realizada nos dias 27 e 28 deste mês. O Datafolha ouviu 1.092 pessoas no levantamento, e a pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob o nº SP-08145/2024.
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