CRM-AC abre inquérito contra os três médicos e diz que seguirá as normas e critérios estabelecidos pelo Código de Ética
O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) determinou abertura de uma sindicância para investigar a conduta ética dos três médicos que debocharam do quadro clínico da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, por ter sido diagnosticada com Covid-19. Ela foi internada no sábado (6) depois de testar positivo para a Covid-19, mas recebeu alta nesta quarta-feira (10). Em um grupo de WhatsApp, intitulado “Médicos Unidos”, além de um dos profissionais de saúde ter comentado “que os vírus da covid estejam bem”, também duvidaram da eficácia da vacina contra o novo coronavírus. Os prints dos deboches vazaram no sábado.
Em nota divulgada à imprensa, o CRM afirmou que a apuração terá como parâmetro as normas e os critérios estabelecidos pelo Código de Processo Ético-Profissional e pelo Código de Ética Médica. Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) reforçou, em nota enviada, que o respeito ao Código de Ética Médica é fundamental ao exercício da profissão. Além disso, afirmou que “promove, por meio de seus canais de comunicação, uma campanha permanente, com o objetivo de divulgar entre os médicos o conteúdo desse Código”.
“Se o denunciado é condenado, ele fica sujeito a penalidades previstas em lei, que vão da advertência à cassação do registro profissional”, salienta o CFM.
Após a repercussão da zombaria com a saúde da ministra, a médica ginecologista Grace Mônica Alvim Coelho, uma das envolvidas no caso, tentou se justificar. Afirmou que a publicação que fez não tinha relação direta com Marina Silva e reiterou, ao comentar sobre a vacina, que os imunizantes não impedem novas infecções.
Deboche
Chama a atenção no deboche das mensagens vazadas o teor negacionista usado pelos médicos. Na conversa, um dos participantes compartilhou a notícia sobre Marina questionando: “Ué, não era vacinada?”. Outra profissional comenta: “Coisas da vida. É da vacinação!”. Por fim, um terceiro médico ri da situação e diz: “Tomara que os vírus da covid estejam bem”. A imagem foi divulgada pelo site local ContilNet.
A ginecologista Grace Monica Alvim Coelho é uma das participantes da conversa. Ex-secretária de Saúde do Acre, ela comandou a pasta na gestão petista de Jorge Viana (1999-2004). Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, a médica defendeu a liberdade de expressão dos membros do grupo de WhatsApp e afirmou que “não crê em mentiras” ao ser questionada sobre a vacina. Grace tem vários posts elogiosos ao ex-presidente em suas redes sociais, chamando-o de “maior e melhor pai do mundo”. Os outros dois profissionais da conversa são Nilton Torrez Chavez e Jorge Lucas da Fonseca. (Foto: EFE / André Borges)
