Cartola teve seu mandato destituído pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
Uma nova grande crise atinge o futebol brasileiro. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) destituiu Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no inicio da tarde desta quinta-feira (7), ao julgar irregular um acordo da entidade com o Ministério Público, que permitiu sua eleição em 2022. Alvo de uma forte campanha dos ex-presidentes Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero, Ednaldo será substituído interinamente por José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
A pressão externa sobre Ednaldo tinha se intensificado nas últimas semanas. Incomodados por mudanças na gestão da CBF, Teixeira e Del Nero começaram a articular um “golpe” na entidade. Tiveram como principal apoiador institucional o presidente da federação carioca, Rubens Lopes. Os bastidores vieram a público após o fracasso na organização do jogo Brasil x Argentina, pelas Eliminatórias da Copa. Lopes atacou Ednaldo e acionou a máquina. O péssimo rendimento da seleção de Fernando Diniz também deu margem para críticas.
E quem criticava a estrutura da CBF, acabava indiretamente fazendo o jogo de Ricardo Teixeira, o poderoso chefão do futebol brasileiro desde 1989. Banido do futebol e agindo nas sombras, ele continua controlando politicamente a entidade. E quando a atual gestão encerrou contratos de marketing e licenciamentos da época do ex-presidente, ele partiu para o ataque.
CBF contesta processos de afastamento de presidente à FIFA e à Conmebol
Ednaldo Rodrigues vai recorrer da decisão da 21ª Vara de Direito Privado do Rio. Por três votos a zero, os magistrados decidiram pela irregularidade do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a CBF e o MP. Presidente interino desde a saída de Rogério Caboclo, acusado de assédio, o cartola acertou em 2022 uma mudança de regras no sistema eleitoral. Logo depois ele foi eleito, o que para o judiciário fluminense comprova que as alterações foram feitas em benefício próprio. Por ora, a CBF é obrigada a fazer novas eleições em no máximo 30 dias.
A CBF disse após a decisão que encaminhou manifestações à Confederação Sulamericana de Futebol, a Conmebol, e à Federação Internacional de Futebol, a FIFA, contestando o processo de afastamento. À FIFA, a CBF argumenta que o acordo concluído entre a entidade representativa do futebol brasileiro e o Ministério Público do Rio de Janeiro “corre o risco de ser cancelado ou modificado pelos tribunais locais”, se referindo ao julgamento do acordo por parte do TJ-RJ, que pode cassar a candidatura de Ednaldo, ocorrido em março de 2022.
A CBF argumenta que quaisquer violações dos estatutos da FIFA também podem levar a sanções, “mesmo que a influência de terceiros não seja culpa da associação membro em questão”. “As associações membros da FIFA são obrigadas a gerenciar seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros, incluindo autoridades estatais”, diz a CBF.
De acordo com a entidade, o âmbito desta norma abrange todas as questões relacionadas ao futebol, incluindo sua governança, o que engloba a eleição de seus representantes, os períodos de gestão, os períodos máximos de reeleição, bem como a tomada de decisões, como escreveu a entidade à Conmebol.
(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)