Criador de búfalos é ligado a queimadas e fumaça em Manaus

A fazenda de André Maia dos Santos concentra os maiores focos de queimadas no município vizinho

 

O criador de búfalos André Maia dos Santos, pai do ex-vereador Marcelinho Maia, morto em 2020 por covid-19, é o dono da fazenda AM-359, que concentra os maiores focos de queimadas em Autazes, uma das causas da fumaça que voltou a encobrir Manaus nos últimos dias. Ele foi identificado pelo site De Olho nos Ruralistas após cruzamentos dos dados geoespaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a base fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Em setembro, quando a fumaça começou a encobrir a capital amazonense, o site localizou os primeiros focos de incêndio em um grupo de fazendas situadas no entorno das terras indígenas (TIs) Murutinga/Tracajá, Cuia, Iguapenu e Recreio/São Félix, habitadas pelo povo Mura. A propriedade do pecuarista concentrou boa parte das manchas de fogo no início do mês passado.

A partir dessas queimadas, realizadas para renovar o pasto para os rebanhos, que o incêndio se alastrou para as terras indígenas vizinhas, em especial para a terra indígena Cuia. “A origem das queimadas e a proporção alcançada pelo fogo no entorno da Fazenda AM-359 coincidem com os períodos e locais citados pelos órgãos ambientais”, diz o site.

Indígenas disseram que o fogo comprometeu o principal meio de subsistência dos Mura, que têm tido dificuldade em encontrar áreas disponíveis para plantar e colher mandioca e outros alimentos. “Acabou que a queimada levou todas as matas, todas as matas virgens, mata capoeira onde as nossas famílias fazem o roçado”, lamentou Adilio Mura, morador da Aldeia Moyray, na TI Iguapenu.

“As pessoas estão tomando a água que é muitas das vezes até compartilhada com os animais, com búfalo e tudo mais”, afirmou o comunicador Waldir Botelho, da etnia Mura. O De Olho nos Ruralistas destacou ainda que André Maia e seu filho, o ex-vereador Marcelinho Maia, que dá nome ao parque de exposições da cidade, são citados como agressores de indígenas Mura na TI Murutinga no relatório “Violência Contra Povos Indígenas do Brasil – 2019”, publicado pelo Conselho Indígena Missionário (Cimi),

A ocorrência é do ano de 2019. Segundo o relato, uma área ocupada pelos indígenas fora da TI foi cercada por André Maia, que passou a tentar impedir o deslocamento dos indígenas que viviam fora do território homologado. O desentendimento evoluiu para episódios de violência por parte da família Maia: “O filho do fazendeiro, Marcelinho Maia, vereador, bateu num indígena, que se defendeu. O fazendeiro (André Maia) tentou, então, matar uma pessoa da comunidade, primeiro a punhaladas; depois, utilizando um terçado e, por último a enxadadas”.

(Foto: Reprodução/Redes sociais)

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