CPI: bolsonaristas se negam a fazer minuto de silêncio por vítimas do campo

Deputados governistas voltaram a entrar em embate com membros da oposição nesta quarta-feira, durante sessão da CPI do MST.

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) pediu permissão para fazer um minuto de silêncio pela morte de dez trabalhadores rurais naquele que ficou conhecido como o Massacre de Pau D’Arco, ocorrido em 2017.

Apesar da permissão concedida pelo presidente da CPI, Coronel Zucco, o deputado Éder Mauro (PL-BA) se recusou a ficar calado em respeito à memória daqueles que definiu como “bandidos do campo”.

Talíria apelou para que Éder Mauro permanecesse em silêncio. Entretanto, o parlamentar se levantou da cadeira e afirmou que não faria silêncio pelos camponeses mortos. O fato gerou um embate entre os dois.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) passou a ler os nomes das vítimas para que os governistas dissessem “presente”, em alusão às suas memórias. Mauro, a partir deste momento, passou a gritar “bandidos”, em resposta aos nomes.

 

CPI aprova convites para ministros

O presidente da CPI pediu pra que a homenagem fosse feita durante o tempo de pronunciamento dos governistas, negando, desta forma, o pedido para um acordo. Durante o embate, o relator Ricardo Salles permaneceu em silêncio, enquanto bebia café.

A CPI do MST aprovou que sejam feitos convites para dois ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no âmbito do colegiado: o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, será chamado para prestar esclarecimentos sobre denúncias de invasões de terras privadas produtivas pelo MST. Convite similar será feito ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

No início da sessão, um acordo foi feito entre governistas e membros da oposição para que ministros fossem “convidados” e não mais “convocados”, como estava anteriormente previsto. Quando o convite é feito, um ministro pode optar por não comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito.

 

Diligências votadas

Em paralelo, foi rejeitado um requerimento de autoria dos governistas que previa a solicitação de informações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a respeito das taxações sobre o setor ruralista. Na interpretação do colegiado, o requerimento saía do escopo da CPI, que deve se centrar nos atos do MST.

Numa contrapartida, os próprios opositores de Lula votaram de forma favorável a um requerimento para que o Ministério da Agricultura forneça informações que incluem o período em que Jair Bolsonaro (PL) ocupou a presidência da República.

No que diz respeito às solicitações para diligências, duas foram votadas: uma delas, assinada por vários deputados petistas, pedia uma visita técnica ao município de São Felix do Xingu (PA), no Complexo Divino Pai Eterno, e foi negada. A área pública é pleiteada por fazendeiros interessados em criar gado que, de acordo com militantes do MST, viriam agindo com violência contra os trabalhadores rurais e outras irregularidades, como grilagem.

A outra diligência, requerida por Gustavo Gayer (PL-GO), pedia várias idas aos locais invadidos pelo Movimento Sem Terra (MST) em 2023 e foi aprovada. Um acordo também foi firmado para que as visitas técnicas aos locais da CPI sejam informadas com 72 horas de antecedência, para que parlamentares possam comprar passagens e mobilizar as suas equipes técnicas.

As demais diligências focavam em requerimentos de informação a ministérios e órgãos públicos.  (Foto: Bruno Spada)

 

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