Um estudo elaborado por especialistas em nutrição, divulgado na revista Nature nesta semana, ressalta que a diminuição de recursos internacionais para iniciativas alimentares promovidas pelos Estados Unidos e nações europeias, nos próximos três a cinco anos, pode “inverter anos de avanços na luta contra a desnutrição“.
Conforme os estudiosos, entre as nações da Europa que comunicaram reduções estão o Reino Unido (40%), a Bélgica (25%), a Holanda (30%) e a França (37%). Nos Estados Unidos, o efeito mais significativo resulta do desmantelamento da USAID, a agência americana de cooperação internacional.
Atualmente, a França está organizando a cúpula Nutrition for Growth (N4G), cujo objetivo é estabelecer acordos políticos e financeiros em nível global para aprimorar a nutrição da população mundial. O governo francês atribui a diminuição dos recursos ao incremento dos investimentos em defesa, causado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas busca mitigar, ao menos em parte, essas reduções através dos compromissos financeiros assumidos durante a N4G.
Até agora, foram divulgados 27,2 bilhões de dólares provenientes de diferentes financiadores. Espera-se que novos aportes ocorram até junho deste ano.
A França, por sua vez, se comprometeu a investir 810 milhões de dólares até 2030 em iniciativas relacionadas à segurança alimentar e ao aprimoramento da nutrição. Nesta sexta-feira, a cúpula divulgará o montante total dos compromissos financeiros assumidos por governos, empresas e organizações filantrópicas no contexto da N4G.
Os estudiosos que elaboraram o artigo na Nature enfatizam que as reduções refletem uma diminuição de 44% nos recursos destinados à assistência em 2022, totalizando 1,6 bilhão de dólares. Para o caso de desnutrição aguda severa, as perdas em contribuições são estimadas em 290 milhões de dólares, o que, segundo os pesquisadores, interromperá o tratamento de 2,3 milhões de crianças e poderá resultar na morte de 369 mil delas anualmente em nações de renda média e baixa. (Foto: Fab/Gov)