Perfil da primeira-dama na rede social X, antigo Twitter, foi hackeado na noite desta segunda (11). Invasor publicou mensagens ofensivas contra Janja, Lula e Alexandre de Moraes
A invasão do perfil da primeira-dama e socióloga Rosângela Lula da Silva, a Janja, na rede X, antigo Twitter, reacendeu a defesa da aprovação do Projeto de Lei (PL) 2630, que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, o chamado PL das Fake News. O invasor publicou uma série de provocações e ofensas de cunho pornográfico, machista e misógino contra Janja, além de ofensas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF). Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, o bloqueio da conta de Janja no X foi feito a pedido da instituição.
Nas mensagens de apoio à Janja, os parlamentares cobraram o avanço do PL das Fake News. “Li que contas nas redes sociais de Janja, primeira dama do Brasil, foram hackeadas. Grave! Espero que esse fato estimule o governo do Presidente Lula a refletir sobre urgência de aprovar o PL 2630. O Congresso que temos é esse, para aprovar não dá pra ficar fazendo marola…”, escreveu na mesma rede social o relator do projeto na Câmara, deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP).
No primeiro semestre deste ano, após ter aprovado a urgência para colocar o texto em votação no Plenário da Câmara, o parlamentar solicitou a retirada do projeto da pauta para a construção de consenso para deliberação. Deputados ligados a Bolsonaro vêm encabeçando uma verdadeira ofensiva contra a proposta que regulamenta as plataformas sociais – um dos motivos que tem emperrado o avanço da matéria.
O perfil de Janja, com mais de 1,4 milhão de seguidores, foi bloqueado pela rede social após ser invadido. Até o fechamento desta matéria na tarde desta terça-feira (12) o perfil continuava no ar, mas com todas as publicações removidas. A conta também deve ser desativada em breve, após a preservação dos dados.
A PF vem atuando no caso e já abriu uma investigação preliminar. Um inquérito também deve ser instaurado nesta terça (12). O objetivo é identificar os responsáveis pelo hackeamento que utilizaram indevidamente o perfil para cometer crimes contra a honra do presidente Lula.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também defendeu regras para as redes sociais. “Os canalhas que hackearam a conta da Janja acham que isso aqui é uma republiqueta de bananas? Estão enganados. Não ficarão impunes por destilarem palavras ofensivas e misóginas contra a primeira-dama!”.
Na mesma linha reivindicou a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), no seu post de solidariedade a primeira-dama. “Internet não pode ser terra sem lei e se tornar palco de misoginia, machismo, transfobia e todo tipo de crime de ódio e intolerância. Toda nossa solidariedade à primeira-dama Janja, que teve a conta invadida na plataforma X por um hacker. Punição exemplar para quem quer tornar as redes sociais ambiente hostil, de estímulo à violência”, disse.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) destacou em suas redes que não é possível permitir que a internet siga sendo um ambiente antidemocrático e violento, propagador de fake news e discursos misóginos e preconceituosos. “É preciso um basta e regulação para que as redes sociais não se tornem redes de crimes sem qualquer punição”, afirmou.
Covardes
O procurador-geral da União, Marcelo Eugênio Feitosa destacou no documento que a rede X pode ser processada na Justiça para pagar indenização caso não responda aos pedidos. “Em caso de descumprimento das medidas solicitadas, fica reservado o direito de adoção de medidas judiciais necessárias para a proteção dos direitos violados, incluindo, mas não se limitando a, ações indenizatórias e representações criminais”, determinou a AGU.
O ataque também foi criticado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). Em nota, a pasta disse repudiar “veementemente o ataque”. E que “todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Não serão tolerados crimes, discursos misóginos, o ódio e a intolerância nas redes sociais”, completou. O ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, ainda afirmou que os responsáveis serão identificados e não ficarão impunes. “Os covardes que compartilham e comentam destilando seu ódio, preconceito e violência também serão identificados”, publicou Pimenta.
(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)