Conselho de Direitos Humanos apura crescimento de células neonazistas no Brasil

Colegiado vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos cumpre agenda na região metropolitana do Rio de Janeiro até sexta-feira para coletar dados e informações. Em três anos, esses grupos cresceram 270% no país

 

Uma delegação do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, chegou ao Rio de Janeiro nesta terça-feira (25) para apurar o crescimento de células neonazistas no país. As atividades serão realizadas até sexta-feira (28) e envolvem audiências para ouvir relatos de vítimas, autoridades e especialistas em Niterói e no Rio de Janeiro. O grupo já realizou uma primeira missão em Santa Catarina, em abril deste ano. Depois do Rio de Janeiro, o grupo deve ir ao Paraná e São Paulo.

O objetivo do comitê é produzir até agosto um relatório, que deve pautar a adoção de políticas públicas e ser entregue à Organização das Nações Unidas (ONU). O CNDH, criado pela Lei Federal 12.986/2014, é responsável por promover e defender os direitos humanos no país. Com autonomia, apesar de ser vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o conselho é composto por 22 membros, sendo metade designada por órgãos públicos e a outra metade por representantes da sociedade civil, eleitos em encontro nacional.

Recentemente, o conselho tem se concentrado no aumento das células neonazistas no Brasil, sob a coordenação do conselheiro Carlos Nicodemos, que criticou a falta de políticas específicas para combater esse problema. Em seu último informe, publicado em 31 de maio, a relatoria especial da ONU sobre o tema de neonazismo citou o trabalho do colegiado, dizendo que ele deu “informações preocupantes sobre o aumento do discurso de ódio e manifestantes neonazistas nos últimos anos”.

O conselho destacou um levantamento feito pelo Centro Nacional de Crimes Cibernéticos, canal mantido pela ONG Safer Net em parceria com o Ministério Público Federal, que informou ter recebido mais de 14.400 denúncias relacionadas com movimentos neonazistas no país em 2021. O relatório sobre as células neonazistas está sendo feito tanto por Carlos Nicodemos, que representa o Movimento Nacional de Direitos Humanos, quanto por e Helio Leitão, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

No Rio de Janeiro, a delegação tem agendas com autoridades policiais e judiciais para levantamento de dados e informações, na capital fluminense e em Niterói, na região metropolitana do Rio. Entre as atividades estão audiências públicas e um painel acadêmico em conjunto com a Universidade Federal Fluminense, que se realiza nesta terça-feira.

Segundo estudos da antropóloga Adriana Dias, falecida no ano passado, as células de grupos neonazistas cresceram 270% no Brasil, no período de janeiro de 2019 a maio de 2021, se espalhando por todas as regiões do país. No início de 2022, havia mais de 530 núcleos extremistas no Brasil. Os participantes compartilham o ódio contra feministas, judeus, negros e população LGBTQIAP+.

(Foto: Reprodução)

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