Conheça a única mulher denunciada na trama golpista de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 indivíduos em relação à tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022. Dentre os acusados, apenas uma mulher figura na lista: Marília Ferreira de Alencar, que foi diretora de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal durante a administração de Anderson Torres.

Conforme o relatório da PGR, as ações de Marília de Alencar, Anderson Torres e de Fernando de Sousa Oliveira, que ocupava a vice-secretaria da Segurança Pública durante os ataques, “demonstraram uma violação intencional da obrigação que lhes cabia, dentro de suas responsabilidades na segurança pública, de evitar precisamente os atos violentos que ocorreram“.

Na época em que atuava como delegada da Polícia Federal, Marília foi convocada para assumir a posição de subsecretária de Inteligência por Anderson Torres, que foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro e também secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. O g1 entrou em contato com a PF para confirmar se Marília ainda faz parte da instituição, mas não obteve resposta até a última atualização deste artigo.

Antes de assumir seu papel na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, ela trabalhou como diretora de inteligência na secretaria de operações integradas do Ministério da Justiça, também a convite de Torres, enquanto ele estava à frente do ministério.

Durante seu depoimento à Polícia Federal, Marília afirmou que conheceu Anderson Torres por ele ser delegado da mesma corporação e por sua participação na Associação Nacional de Delegados de Polícia (ADPF), onde Marília ocupou o cargo de diretora parlamentar.

 

Alertadas sobre o plano

Na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), realizada em março de 2023, Marília Ferreira Alencar afirmou que as autoridades de segurança da capital foram alertadas sobre o plano dos bolsonaristas de tomar prédios governamentais. Naquele momento, ela refutou a ideia de que a Inteligência da Secretaria de Segurança Pública tivesse cometido alguma falha.

Conforme Marília, a inteligência da secretaria detectoucomentários contráriospor parte dos apoiadores de Bolsonaro, especialmente em relação à ocupação de edifícios públicos. Entretanto, ela destacou que essas manifestações “não apresentavam uma organização“. Mesmo assim, a ex-subsecretária assegurou que todo o conteúdo foi enviado às autoridades de segurança da cidade.

Durante seu depoimento à Polícia Federal, Marília afirmou que integrantes de diferentes órgãos de segurança estavam em um grupo de Whatsapp que compartilhava, desde o dia 6 de janeiro, dados sobre as ações de grupos que se opunham ao resultado do segundo turno das eleições presidenciais.

Em depoimento à Polícia Federal, a ex-subsecretária afirmou que, a partir das 14h30, “os atos de violência se intensificaram com as invasões e destruições dos edifícios do governo“. Ela destacou que a secretaria encaminhou todas as informações coletadas para a Polícia Civil e a Polícia Federal.

Na acusação apresentada nesta terça-feira (18), a PRG destaca que, mesmo com a troca de informações entre os membros do grupo na plataforma de redes sociais, “apenas às 16h50 a Subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar enviou sua primeira mensagem no grupo, comunicando: ‘Força Nacional a caminho do Palácio'”.  (Foto: Câmara Legislativa/Reprodução)

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