Lista de pretendentes em ocupar o lugar do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, no Senado cresce a cada dia; Tribunal Regional Eleitoral do Paraná começou o julgamento nesta segunda-feira (1º)
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Paraná (PR) deu início ontem (1º) ao julgamento do senador Sergio Moro (União-PR) nas ações levantadas pelo PT e pelo PL contra o seu mandato. Enquanto o destino de seu cargo é decidido na justiça e tende na direção da cassação e de torna-lo inelegível até 2030, diversos atores políticos, dentro e fora do estado, se antecipam na disputa pela sua cadeira.
A condenação de Moro provocaria uma nova eleição suplementar, já que os dois suplentes também seriam punidos com a cassação. Nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve convocar novas eleições para senador no Paraná, o que já desenha uma lista de pretendentes à eventual vaga.
Moro é acusado pelos partidos do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro de ter causado um desequilíbrio eleitoral nas eleições para senador no Paraná em 2022. As siglas o acusam de ter feito uso irregular dos recursos de campanha e de ter utilizado sua pré-campanha presidencial para impulsionar seu nome na disputa ao Senado. No pleito, o ex-juiz da Lava Jato foi eleito com 1,9 milhão de votos (33,5% dos votos válidos), derrotando Paulo Martins (PL), candidato apoiado por Bolsonaro, e o ex-governador Alvaro Dias, que foi um de seus principais aliados no Podemos, antes de Moro migrar para o União Brasil.
A discussão que ocorre no TRE, e que pode continuar mais tarde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), trata não apenas da possibilidade de cassação de seu mandato, mas de sua própria chapa, o que daria início a uma nova disputa eleitoral pela sua cadeira no Senado. A disputa ocorre em um momento de isolamento para Sergio Moro: seu diminuto círculo de aliados já observa a disputa judicial com pessimismo.
Após a emissão de um parecer pela cassação por parte do Ministério Público Eleitoral (MPE), a sua esposa, deputada Rosângela Moro (União-SP), migrou seu domicílio eleitoral para o Paraná visando concorrer à vaga do marido e assim dar continuidade às ações de seu mandato. Outro parlamentar que dá como certa a cassação é Ricardo Barros (PP-PR), atualmente licenciado para assumir a chefia da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de seu estado. Ex-líder do governo na Câmara dos Deputados durante o governo Bolsonaro, Barros conta com uma ampla rede de alianças na política paranaense e já anunciou, em entrevista à CNN, que pretende disputar pela vaga.
Dentro do PL, partido com a maior bancada da Câmara dos Deputados, dois nomes são ensaiados para concorrer ao Senado: o ex-deputado Paulo Martins e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. O primeiro concorreu em 2022, coligado ao atual governador, Ratinho Jr. A segunda é apoiada pelo ex-presidente.
No PT, disputam a presidente nacional da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ex-líder da bancada petista na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro da Casa Civil. Os dois também disputam o posicionamento do partido nas eleições para prefeito de Curitiba, o que torna mais acirrado o atrito entre os dois.
Filho do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Zeca tem 45 anos e está no quarto mandato como deputado. Nas últimas eleições, foi o 11º deputado mais votado no Paraná, com 123.033 votos. Já Gleisi foi ministra da Casa Civil do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entre os anos de 2011 e 2014 e já ocupou uma cadeira do Senado pelo Paraná entre 2011 e 2019. Ela está no segundo mandato como deputada federal e, nas últimas eleições, foi a segunda parlamentar mais bem votada no Estado, com 261.247 votos.
Quem também surge na disputa é o padrinho político de Moro e, em outubro de 2022, derrotado por ele nas urnas, Alvaro Dias (Podemos-PR). O presidente do diretório paranaense do Podemos, Gustavo Castro, já declarou que Dias é “com certeza o melhor nome, não apenas do partido, mas de todo o ambiente político do Paraná” para a vaga. Segundo o presidente, entretanto, a viabilidade de uma candidatura apenas será discutida após a decisão final sobre o caso, no TSE.
Senador entre 2011 e 2014, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) é mais um dos interessados na cadeira do ex-juiz da Lava Jato se lançou em fevereiro como “o representante do agronegócio”, se houver uma eleição suplementar. Em entrevista à Coluna do Estadão, Sergio Souza disse que o seu diferencial entre os cotados para a disputa é uma “interlocução afinada” com representantes do agro. Além disso, Souza exaltou o apoio que tem do presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).
(Foto: Felipe Rau/Estadão)