Confira a repercussão no meio político com as novas revelações do caso Marielle

Marcello Freixo e Gleisi Hoffmann relacionam avanço na investigação sobre Marielle a saída de Bolsonaro. Ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, diz que novas revelações, a levam a acreditar, agora, na seriedade da investigação.

 

O assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ganhou um novo capítulo por conta das revelações do ex-policial militar Élcio Queiroz em delação premiada, divulgada nesta segunda-feira (24) pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), através da Operação Élpis. A prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, suspeito de ocultar provas do crime e os novos detalhes da trama que culminou nos assassinatos mobilizou os noticiários e provocou uma grande repercussão no meio político. Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, “nunca se esteve tão perto de descobrir os mandantes” destes assassinatos.

Freixo e Marielle eram amigos próximos. Ela começou na política em 2006, quando integrou a equipe de campanha que o elegeu deputado estadual no Rio de Janeiro. E, posteriormente, foi sua assessora por 10 anos. “A Polícia Federal tem muita competência, qualidade técnica para saber onde as provas estão levando. Só me cabe, como cidadão e pessoa que trabalhou com a Marielle por tantos anos, esperar o resultado da investigação e o resultado do trabalho, tanto da polícia quanto do Ministério Público. O ministro Flávio Dino (da Justiça e Segurança Pública) falou da participação das milícias. As milícias do Rio de Janeiro elas têm uma metástase, estão em todos os lugares, é muito difícil que um crime como esse não tenha envolvimento da milícia”, declarou Freixo.

“Mas nós temos que saber quem é o mandante. Que grupo político mandou matar, qual a razão. A gente só vai saber a razão quando souber o mandante. Eu acho que nunca estivemos tão perto de saber. Isso é muito importante para qualidade da ação da polícia, para a segurança pública e os direitos humanos no Brasil”, prosseguiu. De acordo com Freixo, após a Polícia Federal assumir o caso, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a questão é tratada de outra maneira, com um melhor nível de entrega, de diálogo, de satisfação e capacidade técnica.

“Foram muitos anos de expectativa. Foram cinco delegados da Polícia Civil trocados ao longo da investigação pelo Governo do Rio de Janeiro. Então, houve um descaso muito grande com um caso muito importante, tão relevante para a democracia brasileira. Estamos falando de uma vereadora eleita, assassinada covardemente, por alguma razão política, que nós não sabemos qual é. Existem várias linhas, todas têm que ser investigadas, nenhuma linha pode ser abandonada”, explicou Freixo.

No mesmo sentido, a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), associou a saída de Jair Bolsonaro da Presidência ao avanço das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. “Muito bom o avanço da Polícia Federal nas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Só foi Bolsonaro sair da Presidência pro inquérito andar. Agora é chegar no mandante”, escreveu Gleisi nas suas redes sociais.

O assassinato de Marielle e Gomes ocorreu em 2018, quando o carro em que ambos estavam foi alvejado por tiros na região central do Rio, após deixarem um evento do PSOL. Uma assessora sobreviveu ao atentado. Dois ex-policiais estão presos – Ronnie Lessa, PM reformado apontado como executor, e Élcio Queiroz, que seria o motorista do carro que perseguiu o veículo de Marielle e Anderson Gomes.

Na campanha presidencial de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, insinuou que Bolsonaro tem proximidade de milicianos e afirmou que “gente dele não tem pudor em ter matado a Marielle”. De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Maxwell teria participado de ações de vigilância e acompanhamento de Marielle, dando “apoio logístico de integração” com os demais investigados.

O chefe da corporação diz que o ex-bombeiro teve “papel importante” no caso, tanto “antes como depois”. Agentes ainda vasculham sete endereços no Rio de Janeiro e na região metropolitana da capital fluminense. Maxwell já havia sido preso por suposto envolvimento com a morte de Marielle e Anderson. Em 2020, foi detido sob acusação de tentar obstruir as apurações. No ano seguinte, condenado em razão das mesmas imputações. O ex-bombeiro teria ajudado a ocultar as armas de um dos acusados dos assassinatos da vereadora e do motorista.

Turbilhão de sentimentos

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, contou ainda no fim da manhã desta segunda-feira, que falou com o ministro da Justiça, Flávio Dino, que pediu a entrada da Polícia Federal na investigação, e com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. “Falei agora por telefone com o ministro Flávio Dino e diretor geral da Polícia Federal sobre as novidades do caso Marielle e Anderson. Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”, questionou Anielle.

Anielle voltou a se posicionar no fim da tarde, em entrevista ao g1. Emocionada, ela lembrou que o aniversário de Marielle está chegando e que a volta do assunto mexeu com ela. “Uma mistura de sentimentos. Eu achei que fosse estar tranquila para essa entrevista, mas não estou. A gente tem trabalhado muito, pois estamos em uma semana importante, que seria o aniversário da Mari e receber essa notícia mexe com a gente e estou em um turbilhão de sentimentos”, disse.

A ministra diz que as novas revelações do caso representam um passo importante no assunto, mas que não tem o sentimento de que o caso esteja encerrado. “A gente tem o sentimento de que a gente não pode parar de lutar e, enquanto família, espero que a gente dê alguns passos em principalmente entender por que a minha irmã? E quando a gente não sabe essa resposta, quer dizer que qualquer mulher negra hoje que esteja no poder, ou que coloque o seu corpo nesse lugar de luta, também podem vir a ser uma vítima dessa violência política”, disse, aos prantos.

(Foto: Reprodução)

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