Henrique Acker (correspondente internacional) – Dois dias de debates e um comunicado de três pontos assinado por países aliados de Kiev. Esse foi o resultado da Conferência pela Paz na Ucrânia, realizado em 15 e 16 de junho, na Suíça. Segundo os organizadores foram emitidos 160 convites, atendidos por 90 países e algumas organizações internacionais. A Rússia não foi convidada.
Na declaração final, além de uma evidente preocupação com os estragos produzidos pela guerra, que “continua a causar sofrimento e destruição humana em grande escala e a criar riscos e crises com repercussões globais”, um texto que cita apenas três pontos: 1) preocupação com o uso de energia nuclear; 2) segurança alimentar global; 3) troca de prisioneiros de guerra e devolução de crianças deportadas para a Rússia.
Representantes de 80 países assinaram a declaração, com base no “compromisso de defender o direito internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas”, referindo-se à defesa da integridade territorial da Ucrânia.
Sem unanimidade
No entanto, 12 governos presentes negaram-se a respaldar o documento, entre eles a Índia, a Arábia Saudita, o México e a África do Sul. A China não enviou delegação e o Brasil enviou representação diplomática protocolar.
Apesar do comunicado final do encontro frisar que “alcançar a paz requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes”, Volodomyr Zelensky declarou na conferência de imprensa que a “Rússia não está preparada para uma paz justa”.
Já o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov minimizou o resultado da Conferência:
— Se falarmos sobre os resultados deste encontro, estamos perto de zero.
Em acordo com a ideia já anunciada de criar uma zona de segurança entre a Rússia e a Ucrânia, Vladimir Putin incluiu entre os pontos para um acordo de paz a retirada das tropas da Ucrânia das regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporozhye e Kherson, que se manifestaram a favor da autodeterminação em plebiscitos realizados em 2022.
(*) Expressão que ficou conhecida quando o jogador Mané Garrincha ouvia a preleção do treinador brasileiro antes do jogo com a URSS, na Copa de Mundo de 1958. Assustado com as exigências do técnico, Garrincha perguntou: – Tudo bem, seu Feola, mas o senhor já combinou com os russos? (Fotos: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
Íntegra do documento final da Conferência da Suíça
Posição de Zelensky: AQUI e AQUI
Agência russa de Notícias TASS