Como a China busca impulsionar o crescimento econômico em várias frentes

A China assumiu recentemente uma série de compromissos para acelerar a recuperação da economia e melhorar o ambiente de negócios em meio à crescente preocupação com as perspectivas de crescimento.

Uma série de anúncios do governo e do Partido Comunista desde julho teve como foco estimular mais gastos em itens como bens de consumo e automóveis, persuadir empresas privadas a expandir os investimentos e facilitar o acesso corporativo a financiamentos.

Mas, mesmo com dois cortes das taxas de juros neste ano, o governo chinês não tem implementado o estímulo monetário e fiscal visto em crises passadas.

O governo do presidente Xi Jinping reluta em oferecer o tipo de auxílio em dinheiro a consumidores, que impulsionaram as recuperações pós-pandemia nos EUA e em outros países. E os governos locais endividados na China não têm espaço fiscal para grandes gastos.

 

Bens de consumo

Treze departamentos governamentais delinearam um plano em 18 de julho para aumentar os gastos das famílias em diversas áreas, desde eletrodomésticos a móveis. Autoridades locais são incentivadas a ajudar residentes a renovar suas casas e o acesso ao crédito deve ser facilitado para a compra de produtos para o lar, de acordo com as medidas anunciadas.

 

Imóveis

Nesta sexta (25), autoridades propuseram que governos locais possam eliminar uma regra que desqualifica pessoas que já tiveram uma hipoteca — mesmo que totalmente paga — de serem consideradas como primeiros compradores nas grandes cidades. O governo deixou a critério das autoridades locais a decisão de adotar a política.

“A chave é saber se os distritos centrais das principais cidades irão adotar essa política”, disse Zhaopeng Xing, estrategista sênior para a China no Australia & New Zealand Banking Group. “Se o fizerem, isso será útil para revitalizar o mercado imobiliário. Mas, se não, a política terá menos impacto.”

 

Carros

Em 21 julho, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) divulgou um plano de 10 passos para aumentar as compras de automóveis, especialmente no segmento de energia nova, incluindo custos mais baixos para carregamento de veículos elétricos e ampliação dos incentivos fiscais. Em junho, o Ministério do Comércio lançou uma campanha de seis meses para estimular a compra de automóveis e impulsionar a adoção de veículos elétricos nas zonas rurais.

 

Tecnologia

O Partido Comunista e o governo anunciaram um raro compromisso conjunto em 19 de julho para melhorar as condições de empresas privadas, depois de encerrarem uma investida regulatória de quase dois anos contra o setor de tecnologia. O governo de Pequim delineou 31 medidas, que incluíam promessas de tratar companhias privadas da mesma forma que estatais, consultar mais os empresários na elaboração de políticas e reduzir as barreiras de entrada no mercado para empresas.

 

Setor privado

Em 1º de agosto, a NDRC se comprometeu a expandir o crédito às empresas privadas e estender outras medidas de financiamento às pequenas empresas. Isso inclui a expansão de uma ferramenta de reforço do crédito por meio de títulos, apoiada por instituições financeiras, a todas as empresas privadas qualificadas, e a promessa de subir o valor dos empréstimos para o setor.

 

Taxa de juros

Em 15 de agosto, o Banco Popular da China cortou os juros de referência, uma medida surpreendente que marcou a maior redução da taxa de empréstimos de um ano desde 2020. A medida ocorreu pouco antes da divulgação de dados de julho que mostraram desaceleração dos gastos de consumidores, queda do investimento e aumento do desemprego. Foi o segundo corte nessa taxa neste ano.

Alguns economistas se animaram com o corte de agosto, que poderia sinalizar ainda mais apoio fiscal. Mas, em outra surpresa, bancos chineses mantiveram uma taxa de juros preferencial usada em hipotecas. Isso destacou o dilema enfrentado pelo governo chinês à medida que busca estimular os empréstimos ao reduzir as taxas, ao mesmo tempo em que tenta preservar a estabilidade financeira.

 

Mercados financeiros

Autoridades chinesas intensificaram as iniciativas para apoiar os mercados diante da onda vendedora de ativos. Em agosto, autoridades pediram a alguns fundos de investimento que evitassem se tornar vendedores líquidos de ações e incentivaram empresas listadas no conselho de ciência e tecnologia de Xangai a recomprar ações, entre outras medidas.

Para frear a desvalorização da moeda, o banco central intensificou sua defesa do yuan nas últimas semanas ao estabelecer fixações diárias mais fortes, e elevar os custos de financiamento no mercado offshore. Ainda assim, a moeda continuou a perder força. (Foto: Youtube)

 

Com informação da Exame

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