Começam a chegar ao Palácio do Planalto obras restauradas do 8/1

Na próxima quarta-feira (8), marca-se o segundo aniversário dos acontecimentos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderará uma cerimônia no Palácio do Planalto em homenagem ao ocorrido, expressando a rejeição ao golpismo no Brasil.

O evento incluirá a reintegração de 21 obras de arte que foram danificadas durante a invasão ao palácio, uma sessão pública com a presença de autoridades e uma atividade envolvendo a participação da população, denominada Abraço da Democracia, que ocorrerá na Praça dos Três Poderes.

As primeiras obras, restauradas, pertencentes ao acervo presidencial, começaram a ser encaminhadas ao Planalto na tarde da última segunda-feira (6), acompanhadas por agentes da Polícia Federal (PF).

Conforme mencionado pelo arquiteto Rogério Carvalho, que ocupa a posição de diretor da Curadoria dos Palácios Presidenciais, cinco obras foram formalmente entregues nesta segunda-feira. Dentre elas, destaca-se o quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti, uma tela imponente com mais de 3,5 metros de largura e 1,2 metro de altura, considerada uma das mais significativas peças do Salão Nobre do Planalto, que sofreu ao menos sete perfurações causadas por vandalismo.

Também faz parte das entregas a escultura em bronze O Flautista, de Bruno Giorgi, com 1,6 metro de altura, que havia sido danificada em quatro partes, mas foi totalmente restaurada.

Uma entrega significativa foi uma ídria italiana, um tipo de recipiente cerâmico nas cores branca e azul, datado do Renascimento. Este objeto, que havia sido quebrado durante a invasão, passou por um cuidadoso processo de restauração que utilizou técnicas sofisticadas como raios-X e análise microscópica de esmaltes e pigmentos.

Também foi restituída a escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, criada pela artista argentina Marta Minujín, além da obra de madeira Galhos e Sombras, do artista polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg.

Nesta segunda-feira, todas as obras retornaram pela rampa do Palácio do Planalto. Conforme explicou Carvalho, essa decisão se deu por motivos de espaço, uma vez que certas peças, como a pintura de Di Cavalcanti e a escultura de Krajcberg, não entram no elevador.

Durante a cerimônia desta quarta-feira, o presidente Lula irá revelar uma obra de Di Cavalcanti, localizada no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

Além disso, outro item emblemático da invasão será retornado ao acervo: um relógio do século 17, que estava em exibição nesse mesmo espaço e foi destruído de maneira agressiva por Antônio Cláudio Alves Ferreira, um dos invasores que foram detidos durante os atos golpistas, conforme amplamente registrado pela mídia e nas redes sociais.

Elaborado pelo relojoeiro Balthazar Martinot Boulle, o objeto foi oferecido como um presente da corte francesa ao imperador Dom João VI, em 1808. O relógio e a caixa de André Boulle, que foram danificados durante os atos de vandalismo, passaram por uma restauração total na Suíça, graças a um novo acordo estabelecido com a Embaixada do país europeu no Brasil.

 

Como ocorreu o processo de restauração.

Com o intuito de possibilitar a restauração das obras, foi criada uma nova estrutura de laboratório no Palácio da Alvorada, que é a residência oficial do Presidente da República. Essa iniciativa foi realizada pela Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais e pela Coordenação-Geral de Administração das Residências Oficiais.

A ação resultou de uma colaboração entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), reconhecida por sua expertise em preservar e restaurar obras de arte. A parceria teve duração aproximada de um ano e nove meses, totalizando um investimento de R$ 2,2 milhões, com recursos repassados pelo Iphan à UFPel, destinados à compra de equipamentos, contratação de estagiários e despesas logísticas. (Foto: Wallisson Breno/Audiovisual/PR)

 

Com informação da Agência Brasil

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