Num clima mais descontraído, futurista e musical, Paris se despediu dos Jogos Olímpicos e passou o bastão para Los Angeles, que receberá a próxima edição do megaevento em 2028, neste domingo, no Stade de France. Sem o peso do medo de atentados, das fortes chuvas e da expectativa pelo desfile dos barcos no Rio Sena na abertura, a Cerimônia de Encerramento teve a tônica de dever cumprido por parte dos franceses.
E Los Angeles já mostrou o que vem pela frente com o astro de Hollywood Tom Cruise encarnando seu personagem Ethan Hunt, da franquia Missão Impossível. Ele desceu de rapel do teto do Stade de France, foi tietado pelos atletas a caminho do palco, recebeu a bandeira da estrela Simone Biles e saiu de moto do estádio em direção a Los Angeles.
Em um vídeo divertido, pré-produzido, o astro embarcou com a bandeira num avião de carga, saltou de paraquedas e montou os arcos olímpicos no símbolo de Hollywood, no Parque Griffith, em Los Angeles.
COMO FOI A FESTA
Mesmo concentrada no estádio, a cerimônia também começou do lado de fora, nos Jardins das Tulherias, onde ficou a pira olímpica, com apresentação da cantora Zaho de Sagazan, que, junto a um coral, cantou a tradicional canção “Sous le ciel de Paris” (Sob o céu de Paris). O fogo olímpico foi dado ao nadador Leon Marchand, dono de quatro medalhas de ouro pela França e um dos grandes nomes dos Jogos. Ele seguiu até o Stade de France, onde foi ovacionado, para o apagamento da chama ao lado de atletas representantes de todos os continentes.
Durante os desfiles das bandeiras, as medalhistas de ouro Duda e Ana Patricia, que carregaram a do Brasil, revezaram-se para registrar o momento de todos os ângulos possíveis. Só depois encontraram a delegação brasileira, com menos de um quarto dos atletas.
Entre eles, Augusto Akio (skate), Henrique Marques (taekwondo) e os irmãos Julia e Lukas Bergmann (vôlei) e Victoria Borges, da ginástica rítmica, que desfilou com a perna imobilizada e de cadeira de rodas.
Junto de cerca de nove mil atletas, muitos carregando com orgulho suas medalhas, e estafe, ocuparam a pista de atletismo do Stade de France. Ao contrário da abertura, não houve restrições por causa dos barcos, da segurança e por muitos competirem no dia seguinte.
Ninguém, no entanto, estava mais contente do que a gigante delegação francesa. Com quase todos seus atletas reunidos, puderam juntos comemorar o sucesso olímpico do país, que encerrou em quinto lugar no quadro de medalhas, e do evento em Paris.
E todos eles transformaram o estádio numa grande boate. O DJ tocou as principais músicas da playlist dos Jogos, que embalaram as competições em todas as arenas. Como Freed from Desire (da italiana Gala), que fez os atletas tirarem os pés do chão.
O Stade de France também viveu um momento histórico. Pela primeira vez, uma mulher recebeu a última medalha de ouro dos Jogos no encerramento que sempre fora dada à maratona masculina. A honra ficou a cargo da holandesa Sifan Hassan, que venceu os 42km na manhã de ontem na capital francesa. Ela já havia garantido o bronze nas provas de pista dos 5.000m e 10.000m. A única vez que isso aconteceu em uma mesma edição Olímpica foi com Emil Zatopek em Helsinque 1952, quando ganhou três ouros.
Idealizado por Thomas Jolly, o mesmo diretor da abertura, o show de encerramento intitulado de “Records” (Recordes) incluiu mais de 100 acrobatas aéreos, efeitos de iluminação estilo show do Coldplay, com o público portando pulseiras que acendem automaticamente, e jogos de luzes formando os arcos olímpicos nas arquibancadas.
Após a viagem de Jolly pela Grécia Antiga e o futuro, foi hora de os atletas e membros das comissões quebrarem o protocolo. Muitos subiram ao palco e por lá permaneceram apesar dos pedidos nos alto-falantes para deixarem o local. (Foto: BBC)