O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedidos de revogação da prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que vai ter de prestar um novo depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (30).
Segundo a publicação, a decisão do ministro é do dia 25 e está sob sigilo. Moraes também decidiu manter outros presos com Mauro Cid: Max Guilherme de Moura, Sergio Cordeiro e Ailton Barros.
Mauro Cid está preso desde 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid, no sistema do Ministério da Saúde, de integrantes da família do ex-auxiliar e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O novo depoimento que será prestado por Mauro Cid é sobre as investigações dos atos golpistas de janeiro.
É esperado que Cid preste esclarecimentos sobre os achados da PF em perícia no celular dele, que encontrou uma minuta para um golpe de Estado. O texto previa a declaração do estado de sítio no Brasil “dentro das quatro linhas da Constituição”. As mensagens também mostram que Cid foi cobrado por membros das Forças Armadas para convencer Bolsonaro a seguir com um golpe após a vitória de Lula (PT) nas eleições do ano passado.
A nova convocação de Mauro Cid, preso desde o dia 3 de maio, pode não mudar o rumo das investigações. Ao depor, em maio, ele se negou a falar à Polícia Federal e permaneceu em silêncio.
Minuta do golpe
O ministro Benedito Gonçalves, relator no TSE do processo que pode tornar o ex-mandatário inelegível, votou para rejeitar todos os pedidos apresentados pela defesa do ex-chefe do Executivo, como o de excluir da ação a chamada “minuta do golpe” da ação.
O plano golpista também cita o trabalho do Ministério da Defesa na fiscalização das urnas eletrônicas e a ação golpista do PL para embasar a decretação do estado de sítio no país. O conteúdo da minuta está em um relatório da PF, revelado pela revista Veja, e ao qual o UOL também teve acesso — o material tem 66 páginas.
Segundo a PF, o documento foi enviado por Mauro Cid ao seu próprio contato, como um backup. O que chamou a atenção dos investigadores foi a menção à expressão “declaro o estado de sítio” — o documento seria um conjunto de justificativas para embasar a medida.
Entre os pontos listados pelo documento para justificar o estado de sítio estaria uma infundada ação do TSE para “limitar a transparência” do processo eleitoral ao impedir acesso dos militares ao código-fonte — o que é inverídico. As Forças Armadas acompanharam a fiscalização do código-fonte no edifício do TSE, e conclusão da auditoria não encontrou falhas no processo eleitoral.
O documento no celular de Cid menciona ainda que o TSE afastou muitas “causas justas” de apreciação — citando a ação movida por Bolsonaro, que alegou ausência de inserções de rádio de sua propaganda eleitoral. O caso foi arquivado pela Corte, que viu tentativa de tumultuar o segundo turno das eleições. (Foto: Adriano Machado/Reuters)