Com medidas para tentar vencer Lula, Bolsonaro provocou calote histórico na Caixa

Conforme publicado na manhã desta segunda-feira,29, no UOL, a  Caixa Econômica Federal queimou suas reservas na reta final do governo de Jair Bolsonaro. O pior momento foi registrado após as eleições de 2022, quando os ativos de alta liquidez e o indicador de risco de curto prazo do banco estatal atingiram o menor nível já registrado. Já após a derrota do então presidente, a Caixa puxou o freio para tentar recuperar parte dos ativos perdidos.

Explica a reportagem assinada pela repórter Amanda Rossi que os ativos de alta liquidez são uma quantidade de dinheiro mínimo que o Banco Central obriga as instituições bancárias no Brasil a terem sempre disponível.

A regra do Banco Central diz que é preciso ter ativos suficientes para pagar 100% das obrigações que vão vencer em 30 dias.

Assim, se vier uma crise repentina, o banco não vai quebrar por não ter dinheiro em caixa para fazer seus pagamentos mais imediatos.

Enquanto isso, pode buscar outras fontes de recursos para lidar com a situação no longo prazo. No jargão financeiro, é o chamado LCR — índice de liquidez de curto prazo, esclarece a repórter.

Em 2020, a Caixa chegou a ter um LCR de 400% — ou seja, tinha até quatro vezes o valor necessário para pagar suas obrigações de um mês. Era uma gordura que facilitava a implementação de programas de crédito governamentais. Já no final de 2022, o indicador despencou para 170%. É o menor valor já atingido pelo banco

O dado é uma média dos últimos três meses do ano. Para saber o risco exato que a Caixa assumiu no período eleitoral, seria preciso observar o indicador diário. O banco estatal, no entanto, se negou a fornecer o número pela Lei de Acesso à Informação. Procurada, a Caixa afirmou, por nota, que “observa a legislação vigente em todos os seus processos. Pedro Guimarães não quis comentar. O UOL também procurou o advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que não respondeu.

 

Por que a liquidez da Caixa caiu

A queda drástica ocorreu, principalmente, para liberar recursos para novos empréstimos em ano eleitoral.

Em 2022, a Caixa liberou um volume recorde de créditos — meio trilhão de reais. O agronegócio e o público de baixa renda foram os principais beneficiados pelo aumento de crédito. Os dois grupos estavam no radar eleitoral de Bolsonaro.

Em 2022, o agronegócio recebeu R$ 24 bilhões a mais de empréstimos da Caixa que no ano anterior. É uma alta de 150%.

Também em 2022, Bolsonaro criou dois créditos na Caixa para pessoas de baixa renda, por medida provisória. O primeiro foi o SIM Digital, que ofereceu R$ 3 bilhões em microcrédito para pessoas com nome sujo.

O segundo foi o consignado do Auxílio Brasil, que liberou R$ 7,6 bilhões em apenas 20 dias, entre o primeiro e o segundo turno.

Na imagem, Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães durante assinatura de duas medidas provisórias que criavam créditos para o eleitorado mais pobre, em março de 2022.  (Foto: TV Brasil)

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