Segundo relatório da Coaf referentes ao primeiro semestre de 2023, o ex-presidente recebeu diversos depósitos via Pix
De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu quase R$ 17,2 milhões via transação por Pix, nos primeiros seis meses de 2023. A instituição atribuiu a intensa movimentação às “vaquinhas” (financiamentos coletivos) feitas nas redes sociais para pagar multas pelo não uso de máscaras — em períodos da pandemia. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo na noite de quinta-feira (27), e mostra também que entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho, o ex-presidente da República recebeu mais de 769 mil transações via Pix, totalizando R$ 17.196.005,80. Ao todo, Bolsonaro movimentou no período R$ 18.498.532.
No início do ano, a chave Pix do ex-presidente foi divulgada nas redes sociais de ex-ministros e parlamentares do PL para impulsionar as campanhas de arrecadação. No mesmo mês, a Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 87 mil nas contas de Bolsonaro pelo não pagamento de multas aplicadas durante a pandemia. Segundo o relatório do Coaf, entre os principais doadores estão empresários do agronegócio (que depositaram R$ 20 mil); um dono de uma companhia da construção civil, com R$ 10 mil; e um escritor, que doou R$ 10 mil.
Também foram registradas transações por Pix de R$ 3,6 mil neste ano para Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí, que foi apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como funcionária fantasma no período em que Bolsonaro foi deputado federal. Entre os destinatários de recursos, há 10 lançamentos para a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro de R$ 56.073 ao todo. Também foram registrados 17 transferências, em um total de R$ 14.268, para uma lotérica, cujo os sócios são um irmão e um sobrinho de Bolsonaro.
No início do ano, Bolsonaro e outros políticos que o apoiam, publicaram nas redes sociais pedidos para que apoiadores enviassem dinheiro para pagar as multas impostas pela Justiça. Uma dessas multas foi aplicada como penalidade por Bolsonaro não usar máscara facial durante a pandemia. O ex-presidente não pagou o valor estipulado e a Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 87,4 mil das contas do antigo morador do Palácio do Alvorada.
No início de julho, Bolsonaro afirmou, em suas redes sociais, que já havia sido arrecadado o valor suficiente para pagar essas multas. “Foi algo espontâneo por parte da população. Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas. O valor a gente vai mostrar brevemente. Agradeço a contribuição, mesmo sem ser pedido. A massa contribuiu entre R$ 2 e R$ 22”, declarou.
Vale salientar que o ex-presidente já foi alvo de bloqueios em conta bancária por se negar a pagar essas multas na Justiça. Em junho deste ano, Bolsonaro afirmou ter sofrido um bloqueio judicial de bens em função de três multas aplicadas pelo governo de São Paulo ainda na gestão de João Doria – quando foi enquadrado por ter circulado sem máscara no estado, ferindo uma medida de proteção individual em vigor à época em função da pandemia. Na ocasião, ao revelar o bloqueio, o então presidente mostrou que foi aplicada a restrição no valor de R$ 317.047,52 em sua conta. Dias antes, diante das multas não pagas, a Justiça de São Paulo já havia atuado determinando o bloqueio de R$ 87 mil nas contas de Bolsonaro.
No começo de junho, Bolsonaro teve uma vitória no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que determinou a redução em R$ 40 mil no valor de uma das multas aplicadas contra o ex-presidente. Na decisão, a juíza Nandra Martins da Silva Machado, da 4ª Vara do Juizado Especial da Fazenda Pública da Capital, acolheu o argumento da defesa de Bolsonaro e reduziu a multa de R$ 43.635 mil para R$ 524,59.
(Foto: Adriano Machado/Reuters)