Durante seu depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), alegou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estava envolvida de forma proativa na tentativa de persuadir o então presidente a executar um golpe de Estado. Ele indicou que Michelle fazia parte de um grupo de aliados que exercia pressão sobre Bolsonaro de maneira “ostensiva”. O sigilo do depoimento de Mauro Cid foi liberado nesta quarta-feira (19) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme reportado pelo Metrópoles, nas cerca de 500 páginas de dados encaminhadas às autoridades, Cid especificou que esse grupo mais extremista incluía pessoas como Onyx Lorenzoni, Jorge Seiff, Gilson Machado, Magno Malta, Eduardo Bolsonaro e o general Mario Fernandes, que é o secretário-executivo do general Luiz Eduardo Ramos, além da própria ex-primeira-dama.
“O general Mario Fernandes estava agindo de maneira clara, buscando persuadir os outros membros das forças a realizarem um golpe de Estado. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também fazia parte desse grupo. Essas pessoas mantinham conversas frequentes com o ex-presidente, incitando-o a tomar essa atitude. Eles diziam que o ex-presidente contava com o apoio da população e dos CACs para seguir em frente com o golpe”, afirmou Cid em sua colaboração, conforme relatado na matéria.
No mês de novembro de 2023, após a divulgação de uma parte da delação nos meios de comunicação, Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro e Michelle, considerou as afirmações como “ridículas e desprovidas de qualquer base na realidade e, consequentemente, em provas concretas“. Ele afirmou que o ex-presidente e sua família “nunca estiveram associados a ações que visassem à desestabilização institucional do Brasil“.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro também refutou qualquer participação: “Tentar ligar meu nome a essa história é apenas uma ilusão, um delírio”, declarou.
O levantamento do sigilo da colaboração premiada acontece um dia depois que Jair Bolsonaro e mais 33 indivíduos foram formalmente acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O ex-presidente enfrenta alegações de tentativa de golpe de Estado, supressão violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa.
O testemunho de Mauro Cid foi fundamental para as apurações que levaram à acusação. Bolsonaro e outros réus enfrentam também a imputação de dano qualificado, em razão de atos violentos e ameaças sérias contra o patrimônio da União, resultando em consideráveis prejuízos e degradação de bens públicos. (Foto: ABR )