China e Rússia aprofundam laços políticos e anunciam acordos econômicos

Por Henrique Acker (Correspondente Internacional)  – A visita do Presidente Xi Jinping a Moscou, de 20 a 22 de março, não trouxe qualquer consequência prática para a busca da paz na Ucrânia. Apesar de considerar que o plano da China para um acordo pacífico na Ucrânia tem muitas coincidências com a política do governo Russo, o Presidente Vladimir Putin limitou-se a dizer que as medidas propostas poderão servir para negociações futuras, e que o Ocidente não tem manifestado interesse num acordo de paz.

Segundo Vasily Kashin, diretor do Centro de Estudos Europeus e Internacionais Abrangentes da Universidade HSE (Rússia), a iniciativa da China pode beneficiar a Rússia porque envolve um cessar-fogo e o levantamento de sanções, seguido de negociações para chegar a um acordo político.

Kashin destaca que as negociações não terão chance de sucesso, a menos que a Ucrânia aceite e reconheça o controle russo sobre as novas regiões e a Crimeia, como consta da Constituição russa.

 

Geopolítica e Rota da Seda

Xi Jinping ressaltou que a China atribui grande importância à sinergia entre a Iniciativa do Cinturão e Rota da Seda e a União Econômica Eurasiática (UEE) e está pronta para trabalhar com a Rússia e outros membros da UEE para avançar na implementação do acordo de cooperação econômica e comercial, de modo a realizar a cooperação regional em um nível mais alto e mais profundo.

“Não importa como o cenário internacional possa mudar, a China permanecerá comprometida em promover a parceria estratégica abrangente de coordenação China-Rússia para uma nova era”, declarou o secretário-geral do Partido Comunista chinês.

O encontro dos dirigentes máximos da Rússia e da China serviu para deixar claro que os dois lados deverão apoiar os interesses centrais um do outro e resistir conjuntamente à interferência nos assuntos internos por forças externas.

Jinping pediu aos dois lados que melhorem a comunicação e a coordenação sobre assuntos internacionais, especialmente nas Nações Unidas, na Organização de Cooperação de Shanghai, no BRICS e em outros fóruns multilaterais, pratiquem o verdadeiro multilateralismo, se oponham ao hegemonismo e à política de poder unilateral, contribuam para a recuperação econômica global pós-COVID, avancem na tendência rumo a um mundo multipolar e promovam a reforma e a melhoria do sistema de governança global.

 

Declarações conjuntas e interesses comuns

Após as conversações, Xi Jinping e Vladimir Putin assinaram a Declaração Conjunta da República Popular da China e da Federação Russa sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Abrangente de Coordenação para a Nova Era e a Declaração Conjunta do Presidente da República Popular da China e do Presidente da Federação Russa sobre o Plano de Desenvolvimento Pré-2030 sobre Prioridades na Cooperação Econômica China-Rússia.

A Rússia é atualmente o país que mais petróleo fornece à China. Segundo as alfândegas chinesas, as compras da China à Rússia foram em média de quase dois milhões de barris por dia, tendo as importações de crude russo pela China chegado aos 84,61 mil milhões de dólares (78,58 bilhões de euros). As compras de petróleo russo pela China aumentaram 24% em janeiro e fevereiro deste ano.

A China é a maior parceira comercial da Rússia há 13 anos consecutivos, e os dois países continuam aprofundando sua cooperação energética, realizando progressos em megaprojetos estratégicos, além de manter intercâmbios culturais e interpessoais ainda mais próximos, bem como interações a nível local.

 

Novos acordos de cooperação econômica

Durante o encontro, os dois lados também assinaram documentos de cooperação bilateral em áreas como agricultura, silvicultura, pesquisa científica e tecnológica básica, regulação do mercado e mídia.

Ao final da visita do presidente chinês a Moscou, Putin e Xi assinaram uma longa declaração sobre o aprofundamento de sua parceria abrangente de nove pontos, bem como uma declaração separada sobre um plano de cooperação econômica até 2030, informou o jornal Izvestia. Em termos de agenda econômica, o volume de negócios deve superar a meta de US$ 200 bilhões.

As partes também discutiram uma intensa cooperação energética e concordaram com os principais parâmetros da construção do gasoduto Power of Siberia-2, para envio de gás russo à China. Enquanto isso, o volume total de fornecimento de gás até 2030 será de pelo menos 98 bilhões de metros cúbicos e 100 milhões de toneladas de GNL, especificou o líder russo.  (Fotos: Evaristo Sá/AFP e CLaudio Reyes/AFP)

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