Celso Amorim diz que crítica de Lula mostra a ‘preocupação em ajudar processo eleitoral da Venezuela’

Assessor especial de assuntos internacionais da Presidência da República participou de almoço oferecido por Lula ao presidente da França

 

Ex-chanceler e assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta sexta-feira (29) que as últimas manifestações do Brasil em relação à Venezuela têm como motivação uma “preocupação com o processo eleitoral no país”, tratado por ele como “complexo”. Em entrevista coletiva, ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, na quinta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (28) disse ter considerado “grave” o fato de opositora ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não ter conseguido registrar sua candidatura.

Para Amori, de acordo com entrevista que ele concedeu hoje ao jornal O Globo, todas essas declarações recentes refletem a “preocupação brasileira com o desenrolar dos acontecimentos”. “Nossa preocupação é ajudar em um processo complexo, difícil, de maneira que as eleições transcorram bem”. Para Amorim, tanto as declarações de Lula quanto a nota emitida pelo Itamaraty não afastaram o Brasil da intenção de contribuir para as eleições venezuelanas.

Ao tomar conhecimento de que Corina Yoris, opositora a Maduro, teve sua inscrição no registro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) bloqueada tanto na internet quanto presencialmente, o governo brasileiro manifestou preocupação com o processo eleitoral em curso na Venezuela. Em uma nota com tom mais contundente, o Itamaraty disse que não via explicação para o que aconteceu com Yoris. A Chancelaria venezuelana reagiu. Disse que a nota era uma interferência em assuntos internos, ressaltou que a Venezuela é uma democracia robusta e afirmou que o texto da nota parecia ter sido ditado pelo Departamento de Estado americano.

Amorim conversou com representantes de Maduro e da oposição há cerca de uma semana. Antes, portanto, do episódio diplomático. Sua conclusão era de que havia diálogo entre as partes e, portanto, haveria boas razões para acreditar que as eleições na Venezuela, marcadas para julho deste ano, respeitarão os princípios democráticos. Ele disse que o Brasil continua disposto a ajudar a Venezuela, assim como outros países que participaram de perto das negociações, mediadas pela Noruega, do Acordo de Barbados. Firmado no ano passado por governo e oposição, o ato prevê eleições livres, justas e transparentes na Venezuela.

(Foto: Instagram @nicolasmaduro)

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