Caso Marielle: Lessa acredita que arma do crime esteja na Polícia Civil

Assassino confesso da vereadora disse que a pressa na devolução da submetralhadora se devia ao fato de que ela precisava retornar à corporação para ser destruída, evitando que sua ausência fosse notada

 

Assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa disse em depoimento nesta terça-feira (27) acreditar que a submetralhadora HK MP5 utilizada por ele para a execução tenha sido retirada de algum arsenal de armas apreendido pela Polícia Civil. O promotor Olavo Evangelista Pezzotti, representante da PGR, questionou Lessa, delator do caso, sobre o destino da arma utilizada no crime. Para o matador, a possibilidade vai da pressa na devolução da arma imposta por Domingos Brazão, pois o armamento precisava ser devolvido antes que a ausência fosse notada.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão é apontado por Lessa como o mandante do crime, conforme sua delação premiada. Nesta terça-feira ocorreu o primeiro dia de depoimento do delator na audiência de instrução e julgamento da ação penal contra os mandantes da execução da parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF). O depoimento continuará durante a tarde desta quarta-feira (28) no STF.

Lessa, que confessou ter matado Marielle Franco e Anderson Gomes, confirmou que a submetralhadora lhe foi entregue por Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, que atuou como intermediário entre o colaborador e os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. No entanto, segundo Lessa, Macalé lhe contou que obteve a HK MP5 com um assessor de Domingos, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, que também é réu no duplo homicídio.

“O que nos garante que essa arma não saiu das apreensões da Polícia Civil? Quem nos garante que já teria sido dada baixa nela, ou seja, que seria destruída? Nós tínhamos uma peça importante ao nosso lado, que era o doutor Rivaldo (Barbosa), que era o chefe da Polícia Civil e, no passado, havia sido responsável pela DFAE (antiga Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos, que atualmente se transformou na Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos)”, destacou Lessa.

Lessa lembrou que, quando era policial militar cedido à Polícia Civil, como adido, teve uma pistola, fruto de uma apreensão em uma favela, registrada na antiga DFAE, na época comandada por Rivaldo Barbosa. O delegado, assim como o clã Brazão, responde como mandante da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes.

“Esse processo de registro na DFAE durava 40 dias. Não sei quem pediu para ele (Rivaldo), se foi o Allan (Turnowski) ou o Túlio Pelosi, para agilizar para mim, porque a minha Glock (pistola) antiga estava toda arranhada. Quem assinou a minha cautela, que saiu em um dia, foi o doutor Rivaldo”, finalizou Lessa.

( Foto: Reprodução)

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