Caso Marielle: Brazão diz que Ronnie Lessa ‘deve estar querendo proteger alguém’

Apontado como mandante do assassinato de Marielle, conselheiro do TCE-RJ reclamou de estar “sangrando” e negou até mesmo envolvimento com a milícia.

 

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão afirmou que o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, “deve estar querendo proteger alguém” ao citá-lo em delação premiada à Polcícia Federal (PF) como mandante do crime.

“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson, nem tampouco à Lessa e ao Élcio de Queiroz (que teria dirigido o carro onde estava o assassino). Jamais estive com eles. Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não irá participar de uma armação dessas, porque tudo que se fala numa delação tem que ser confirmado”, afirmou Brazão, em entrevista, no seu gabinete no TCE-RJ, ao jornal O Globo publicada nesta quarta-feira (24).

Informação divulgada na terça-feira (23) pelo site Intecept Brasil diz que Lessa confirmou em delação premiada – ainda não homologada pela Justiça – o que já havia contado em julho do ano passado o ex-PM Elcio Queiroz. Segundo Lessa, Brazão foi um dos mandantes do atentado que matou a vereadora e seu motorista.

Lessa está preso desde março de 2019 acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. O acordo de delação premiada que ele fez com a Polícia Federal (PF) ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, o STJ, pois Brazão tem foro privilegiado por ser conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Brazão classificou na entrevista a suposta delação de Lessa como “golpe abaixo da cintura” e desafiou a PF a encontrar provas contra ele. “Não tem nada mais forte que a verdade. Esse golpe foi abaixo da linha de cintura. É algo que desgasta. Fui investigado pela Polícia Civil, pela PF e pelo Ministério Público. Não acharam nada. Por que protegeriam o Domingos Brazão? Que servidor público colocaria em risco sua carreira para me proteger? Eu desafio acharem algo contra mim”, afirmou.

O ex-deputado ainda afirmou ter ficado “feliz em saber que ele (Lessa) fez a delação, mas ele tem que dizer a verdade”. “A morte de Marielle revelou muita sujeira embaixo do tapete. Agora querem me empurrar para isso. Se tem alguém que foi sabatinado, investigado, esse alguém foi Domingos Brazão. É um desgaste grande. Estou sangrando, mas não tenho medo de investigação”, disse.

“Já passei por muita coisa nessa vida. Não acho que tenha inimigos. Acho que, se o Lessa inventar um mandante, só vai piorar a vida dele, porque está aumentando seus crimes. Uma delação com falhas não será homologada, será rejeitada. O STJ é criterioso nisso. Eu sei que estou dormindo bem. Meu sono é o sono dos justos. Não sou santo. Sou político. Tive meus pecados, mas nunca fora da lei”, emendou.

(Foto: Reprodução)

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