Quanto mais avança a gestação, mais os parceiros são infiéis
A cantora Iza revelou essa semana que terminou o relacionamento com o jogador de futebol Yuri Lima, pai da filha que está esperando, após descobrir uma traição. Muitas pessoas ficaram indignadas com o fato do então namorado trair a parceira no meio da gravidez mas, infelizmente, isso é algo mais comum do que se imaginaria.
De acordo com um estudo do Journal of Clinical Medicine, 1 em cada 10 futuros pais traem suas companheiras, e as chances de isso acontecer aumentam à medida que a gestação evolui.
Segundo Claudia Petry, pedagoga com especialização em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, os principais motivos que levam um homem a trair a parceira na gravidez, seriam: imaturidade, incapacidade de lidar com as mudanças físicas e emocionais da mulher, e até a fuga psicológica de ser pai em breve.
— De qualquer forma, não há absolutamente nenhuma desculpa para um homem trair durante a gravidez. Ao contrário. Esse é o momento em que ele deveria estar mais próximo, independentemente de qualquer problema — diz a especialista em sexualidade.
Para a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, a dor da traição pode ser devastadora para a mulher grávida, causando sentimentos de humilhação, raiva, tristeza e frustração.
— A gestação, por si só, já é um universo de mudanças físicas e emocionais, e o estresse adicional da traição pode impactar negativamente o bem-estar materno e fetal, tornando o momento ainda mais desafiador — diz Machado.
O sofrimento psicológico da mãe pode prejudicar a formação do feto, segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
— O estresse provoca mudanças no desenvolvimento cerebral dos bebês enquanto continuam no útero, podendo resultar em déficits neurocomportamentais, problemas de coordenação motora, reatividade emocional elevada e atrasos na linguagem, além do risco de parto prematuro — aponta a especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria.
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Além disso, a mulher pode ser acometida pela depressão, que pode surgir antes mesmo do parto, no final da gravidez. Os sintomas são similares aos da depressão comum, como tristeza, apatia, ideias de culpa, insônia e até desinteresse pelo bebê.
— A tendência à depressão depende da interação de vários aspectos, incluindo genética e alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e no pós-parto. Mas fatores externos também contribuem para motivar o transtorno. Neste caso, a traição desequilibra por completo a estrutura emocional da mãe, já que o parceiro pertence a essa nova realidade, e seu suporte haveria de ser essencial para uma gestação saudável — diz Danielle Admoni.
Daí a importância de ter um acompanhamento psicológico, além de relatar tudo ao seu ginecologista obstetra, que deverá fazer um pré-natal com mais atenção. (Foto: Redes Sociais/Reprodução)