Documento enviado por líderes da América Latina e da Espanha é assinada majoritariamente por nomes da direita, como Macri, da Argentina
Um grupo formado por 30 ex-presidentes da América Latina e da Espanha publicou nesta segunda-feira (5) uma carta em que pressiona o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a assumir uma postura mais enfática em relação à crise eleitoral na Venezuela. Os signatários afirmam que a soberania popular da Venezuela foi “usurpada” e que o vencedor das eleições do último dia 28 foi Edmundo González Urrutia, candidato da oposição ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
O texto é assinado por nomes como o argentino Maurício Macri, o paraguaio Mario Abdo, o uruguaio Luis Alberto Lacallem, o colombiano Iván Duque e o mexicano Felipe Calderón. Os ex-líderes fazem parte da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA). Nenhum ex-presidente do Brasil assinou o documento.
O texto faz um apelo para que Lula reafirme seu “inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que gozam seu povo, e a fazê-la prevalecer também na Venezuela”. E acusa Maduro de desprezar a verdade eleitoral para continuar no poder, “em conluio com os poderes do Estado que estão a seu serviço e sob seu controle”, por meio de uma política de Estado repressiva e de violação generalizada e sistemática dos direitos humanos dos venezuelanos.
“O que está acontecendo é um escândalo. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país”, diz a carta.
Na carta, eles se dizem porta-vozes da maioria dos venezuelanos. Destacam o impactante número de prisões, torturas, desaparecimentos e mortes de pessoas que defendem seu direito a voto. Pelo menos 11 civis morreram em protestos contrários aos resultados oficiais da eleição, embora organizações de defesa dos direitos humanos afirmem que o número de pessoas mortas chega a 20.
“Eles estão protestando em defesa de seu voto, estão resistindo pacificamente, guiados por María Corina Machado e por quem, como demonstram os relatórios eleitorais que são de conhecimento público e foram coletados pelas testemunhas na seção eleitoral, foi eleito presidente, Edmundo González Urrutia. A Venezuela tem o direito de fazer uma transição para a democracia” conclui a carta.
Confira quem assinou a carta enviada a Lula:
- Mario Abdo, Paraguai
- Óscar Arias S., Costa Rica
- José María Aznar, Espanhaa
- Nicolás Ardito Barletta, Panamá
- Felipe Calderón, México
- Rafael Ángel Calderón, Costa Rica
- Laura Chinchilla, Costa Rica
- Alfredo Cristiani, El Salvador
- Iván Duque M., Colômbia
- José María Figueres, Costa Rica
- Vicente Fox, México
- Federico Franco, Paraguai
- Eduardo Frei Ruiz-Tagle, Chile
- Osvaldo Hurtado, Equador
- Luis Alberto Lacalle H., Uruguai
- Guillermo Lasso, Equador
- Mauricio Macri, Argentina
- Jamil Mahuad, Equador
- Hipólito Mejía, República Dominicana
- Carlos Mesa G., Bolívia
- Lenin Moreno, Equador
- Mireya Moscoso, Panamá
- Andrés Pastrana, Colômbia
- Ernesto Pérez Balladares, Panamá
- Jorge Tuto Quiroga, Bolívia
- Mariano Rajoy, Espanha
- Miguel Ángel Rodríguez, Costa Rica
- Luis Guillermo Solís R., Costa Rica
- Álvaro Uribe V., Colômbia
- Juan Carlos Wasmosy, Paraguai
(Foto: Frederico Brasil/TheNews2/Estadão Conteúdo)