“Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor da sua terra,
a marca de sangue de seus mortos e a certeza de luta de seus vivos”.
(François Silvestre)
O artista e músico da Paraíba, Vital Farias, faleceu na quinta-feira (6), aos 82 anos. Ele estava hospitalizado no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, localizado em Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, devido a complicações cardíacas.
De acordo com o comunicado oficial do hospital onde Vital Farias foi internado, ele foi admitido na quarta-feira (5) devido a um infarto agudo do miocárdio. O artista foi submetido a exames e a atendimentos de emergência, mas infelizmente não sobreviveu na manhã desta quinta-feira (6).
Vital Farias veio ao mundo em 1943, na área rural de Taperoá, localizada na região do Cariri na Paraíba. Nos anos 70, ele se transferiu para o Rio de Janeiro, onde completou sua formação em Música.
No ano de 1978, ele lançou seu disco de estreia, chamado simplesmente de Vital Farias. A sua primeira canção registrada foi “Ê mãe”, coescrita com o lendário Livardo Alves e interpretada por Ari Toledo.
Farias, um compositor talentoso, ganhou reconhecimento em todo o país por suas canções, incluindo “Canção em Dois Tempos”, além de suas apresentações marcadas por humor e características nordestinas. Durante sua trajetória, ele colaborou com artistas renomados como Geraldo Azevedo, Xangai e Elomar.
Canções como “Ai, Que Saudade D’Ocê”, um hit na interpretação da paraibana Elba Ramalho, e “Veja”, famosa na voz de Geraldo Azevedo, também são obras de Vital Farias.
Em 2021, Vital Farias foi admitido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em João Pessoa devido à Covid-19. Após alguns dias, ele recebeu alta e continuou sua recuperação em casa.
A Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB) emitiu um comunicado onde expressa sua solidariedade pela morte do artista, ressaltando que ele “deixa um legado cultural e artístico de valor incalculável, que perdurará ao longo do tempo”.
De militante da esquerda ao bolsonarismo na política
Vital Farias não se limitou ao campo musical. Ele transitou de um ativista da esquerda tradicional a um apoiador de Bolsonaro, fazendo tentativas de se inserir na política e concorrendo a posições no Congresso Nacional.
Vital Farias fez sua estreia política em 2006, ao disputar uma vaga no Senado representando o PSOL. Nas eleições gerais subsequentes, em 2010, permanecendo ativo na ala da esquerda, candidatou-se novamente ao mesmo cargo, desta vez pelo PCB, mas não obteve êxito nas votações.
Em 2014, pertencendo ao PSB do então governador Ricardo Coutinho, Vital Farias obteve a eleição como suplente de deputado federal, mas nunca chegou a ocupar o cargo.
A mais recente investida de Vital na esfera política ocorreu nas eleições de 2022, quando ele se lançou como candidato a deputado federal pelo partido Avante. Ele “ajustou sua trajetória” ao se alinhar ao bolsonarismo, defendendo o então presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida pela reeleição contra Lula (PT). Entretanto, mesmo com essa alteração em sua posição política, não conseguiu obter sucesso nas urnas. (Foto: Facebook/Vital Faria)