Campos Neto será convocado pelo Senado para explicar manutenção da Selic a 13,75%

Senador Randolfe Rodrigues afirmou, nesta sexta-feira (23), que irá apresentar um requerimento para que o presidente do BC seja convocado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)

 

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), irá apresentar um requerimento para que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja convocado a dar explicações sobre a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75% à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). “Estou apresentando requerimento para convocar, de imediato, o Sr. Roberto Campos Neto para prestar explicações junto à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Não podemos mais ficar parados vendo esses juros frearem o desenvolvimento do país”, afirmou ele no Twitter nesta sexta-feira (23).

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu, na última quarta-feira (21), por manter pela sétima vez consecutiva a Selic no patamar atual. O grupo afirmou que o contexto atual ainda segue “demandando cautela e parcimônia”. A manutenção já era esperada por diversos economistas, mas frustra diversos setores do governo. Na quinta-feira (22), em Paris, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou a decisão do Copom como “muito ruim, como de hábito”.

“Nós estamos fazendo um esforço gigantesco de reversão de expectativas desde o começo do ano (…). O primeiro pacote de medidas para sanear as finanças foi dia 12 de janeiro, depois veio a realização de combustível. Depois o arcabouço foi construído, dentro do governo e fora do governo. Não tem uma fala de (nenhum) governador contra a reforma tributária. O que nós estamos esperando (para diminuir a taxa)?”, questionou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou duramente, na quinta, a manutenção da Selic em 13,75%. Em entrevista coletiva ao fim de sua visita à Itália, o petista acusou Roberto Campos Neto de “jogar contra os interesses da economia brasileira”. “Não se trata de o governo ficar brigando com o Banco Central. Quem está brigando com o BC é a sociedade brasileira. A Confederação Nacional das Indústrias está brigando com o BC. A Federação das Indústrias de São Paulo, que é a maior do Brasil, está brigando com a taxa de juros. Os maiores varejistas estão brigando com a taxa de juros, os pequenos e médios empreendedores estão brigando com a taxa de juros. As pessoas que precisam de crédito para tocar a economia estão brigando com a taxa de juros”, disse.

“É irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de juros de 13,75% com uma inflação de 5% (a projeção do mercado é que o IPCA termine o ano em torno de 5%)”, complementou. As projeções do mercado apontam para uma redução da Selic somente em setembro, embora um corte ainda em agosto não seja descartado. (Foto: Adriano Machado/Reuters)

 

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