Brasil tem 1.942 cidades em áreas de risco, onde moram 8,9 milhões de pessoas

Estudo da Casa Civil e do Ministério das Cidades mostra que 34% dos municípios tem áreas passíveis de deslizamentos, enxurradas e enchentes

 

Levantamento da Casa Civil e do Ministério das Cidades revela que 1.942 municípios brasileiros 34% do total, tem população em áreas de risco passíveis de deslizamentos, enxurradas e enchentes. O estudo foi obtido pelo jornal O Globo e publicado nesta quinta-feira (18). São 8,9 milhões de pessoas que moram nestas localidades. O dado alarmante traz ainda mais preocupação ao se observar que este valor cresceu 136% desde 2012.

São utilizadas fontes como Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Serviço Geológico do Brasil e o Atlas de Vulnerabilidade a Inundações, produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros. As áreas mapeadas são classificadas em quatro graus: risco baixo, médio, alto e muito alto.

Nesta semana temporais deixaram rastro de destruição em diversas cidades do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, com mortes e localidades que permanecem alagadas mesmo após dias desde que ocorreram as fortes chuvas – um cenário que volta a se repetir no sul do país, atingido por um ciclone em setembro do ano anterior. Estas situações trágicas devem se tornar ainda mais complicadas com o passar dos anos e o avançar das mudanças climáticas, portanto as autoridades já se movimentam para das conta dos desafios que se apresentam e vão se intensificar.

Segundo o jornal, os dados do governo estarão no primeiro Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, que deve ser apresentado em breve e pelo qual será sistematizado quais cidades devem ter maior atenção pública, considerando estes 1.942 municípios já compreendidos.

Para dar conta de um projeto nacional que proteja as pessoas nessas áreas o governo deve realizar diversas obras de contenção de encostas e drenagem, previstas no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), complementado pela construção de novas moradias com vistas a tirar famílias de locais de ocupação irregular que oferecem riscos.

De acordo com o levantamento, as dez cidades com maior número de áreas de risco são: São Paulo (SP), Teresópolis (RJ), Blumenau (SC), Petrópolis (RJ), Nova Friburgo (RJ), Maceió (AL), Fortaleza, Belo Horizonte (MG), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Salvador (BA).  A capital baiana lidera o dado negativo, uma vez que tem mais de 1,2 milhão de moradores em áreas de risco, o que representa 50,3% da população.

Por região, Sudeste e Nordeste têm o maior número de municípios com áreas de risco. O estado de Minas Gerais, por exemplo, é o que registra o maior número de cidades na lista, com 283. A unidade federativa com a maior população exposta a áreas suscetíveis a desastres naturais, contudo, é São Paulo, onde 1.552.836 estão nessa situação.

Ocorências

O resultado também indica um aumento de quase 140% em relação há 12 anos. Um estudo do governo federal feito na época identificou 821 municípios com áreas de risco. O atual levantamento é um esforço interministerial e reúne a Casa Civil com os ministérios de Desenvolvimento Regional, das Cidades, da Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia e do Meio Ambiente. A partir dessas informações, o objetivo, segundo o governo, é usar os dados para direcionar os recursos federais para a Defesa Civil e o desenvolvimento de ações nessas localidades.

Entre 1991 e 2022, o relatório aponta que foram registradas 23.611 ocorrências de desastres naturais em todo país. Os episódios levaram a 3.890 mortes e 8.226.314 desalojados ou desabrigados. Entre as metas listadas, o governo pretende também garantir recursos para prevenção de desastres por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em setembro do ano passado, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que, até 2026, o Novo PAC destinará R$ 14,9 bilhões para a iniciativa. Nesta semana, temporais deixaram rastro de destruição em diversas cidades do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, com mortes e milhares de desabrigas. Uma situação trágica que pode aumentar dado o crescimento de eventos extremos com as mudanças climáticas.

(Legenda da Foto principal: Enchente no município de Marabá, provocada pelas fortes chuvas na região sul e sudeste do Pará. Foto: Fernando Araújo/AE)

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