Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 1.289.897 casos prováveis da doença até quarta-feira (6)
O número de casos prováveis de dengue no Brasil chegou a 1.289.897 somente neste ano, de acordo com dados divulgados pelo Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (6). O país já registra 329 mortes pela doença. Outras 767 mortes estão em investigação para saber se há relação com a doença.
A porcentagem de pessoas possivelmente infectadas entre homens e mulheres corresponde a 44,5% e 55,5%, respectivamente. Ainda, a faixa etária mais afetada pela doença é a de 30 a 39 anos, com 112.567 registros para indivíduos masculinos e 138.089 para femininos. Os dados preocupantes refletem a situação alarmante da doença no país, com uma taxa de incidência de 635,2 casos por 100 mil habitantes.
O Distrito Federal é a região mais afetada, seguido por Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Goiás. A faixa etária mais atingida é a de 30 a 39 anos, seguida pelas faixas de 40 a 49 e 50 a 59 anos, sendo as mulheres as mais infectadas (55,5%). No último sábado (2), durante a mobilização do Dia D contra a dengue, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que o governo federal iniciará a vacinação infantil contra várias doenças, incluindo a dengue, nas escolas de todo o país, na segunda quinzena deste mês.
A ação, parte do programa “Saúde nas Escolas”, é uma iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, apoiada pelo presidente Lula. Em meio a esse cenário, o coordenador de vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, destacou que muitas mortes causadas pela dengue poderiam ser evitadas.
Venâncio ressalta que é fundamental que as pessoas estejam cientes dos riscos da dengue e busquem ajuda médica rapidamente, em vez de subestimar a gravidade da doença. Ele destaca a importância de uma rede de saúde organizada para garantir o atendimento eficaz e evitar que pacientes desistam de buscar ajuda devido a longas esperas.
Diante desses desafios, o governo federal intensifica os esforços para combater a dengue, incluindo a vacinação nas escolas como uma medida preventiva crucial para proteger a população, especialmente as crianças e os adolescentes. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, junto a técnicos e especialistas da pasta, atualizou nesta terça-feira (5) o cenário dos casos e mortes por dengue no Brasil.
Durante entrevista coletiva, Nísia destacou que a aceleração dos registros da doença no início deste ano está fortemente associada às mudanças climáticas. Ainda na apresentação, foi anunciado que a pasta emitirá uma nota técnica recomendando a ampliação da faixa etária do público a ser vacinado contra a dengue. O estudo visa incluir na vacinação os jovens de 14 anos, mantendo os critérios já estabelecidos para prioridades. Essa medida visa fortalecer a proteção contra a doença.
Além disso, foram destacados os insumos disponibilizados aos estados, incluindo testes de sorologia e biologia molecular, larvicidas e adulticidas para uso em fumacê. O Ministério da Saúde também destinou R$ 44 milhões para apoiar gestores locais na luta contra a dengue, parte dos R$ 1,5 bilhão reservados para esse fim.
Desde 2023, o Ministério da Saúde tem monitorado e coordenado ações de combate à dengue em todo o país. Foram adquiridas milhões de doses de vacinas, instalado o Centro de Operações de Emergência contra a dengue (COE Dengue) e realizadas campanhas de conscientização e prevenção.
Diante do avanço preocupante da dengue em diversas regiões do país, governos municipais e especialistas estão pressionando o Ministério da Saúde pela decretação da Emergência em Saúde Pública de Interesse Nacional (ESPIN), no entanto, o ministério descartou essa alternativa por enquanto. Representantes de entidades municipais e estaduais acreditam que a ESPIN seria uma medida para uma resposta centralizada e ágil contra a dengue.
Nos municípios, a situação é alarmante, como relata o vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e prefeito de Campinas (SP), Dário Saadi. Ele destaca a urgência de uma discussão técnica sobre o avanço da doença e a necessidade de financiamento para a aquisição de insumos. Saadi ressalta que enfrentou dificuldades recentes na compra de testes rápidos para a dengue, além de encontrar os insumos a preços elevados.
O Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), formado pelos governadores dessas regiões, também se manifestou, comprometendo-se a cobrar mais recursos no combate à dengue e informações sobre a vacinação. Por outro lado, o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) e o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, não consideram necessária a decretação da ESPIN neste momento, destacando que os recursos têm chegado aos estados e que o Conass tem orientado os estados a solicitarem emergência quando necessário.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)