O presidente Lula e o primeiro-ministro Luís Montenegro encerraram a 14ª Conferência Luso-Brasileira, realizada em Brasília em 19 de fevereiro. Em declarações à imprensa, os dois governantes destacaram alguns pontos dos 19 acordos firmados entre os dois países. Entre eles, protocolos sobre saúde, segurança pública, turismo e ciência e tecnologia.
Lula destacou o avanço do comércio entre Brasil e Portugal, que em 2024 alcançou 4,7 bilhões de dólares. “O intercâmbio com Portugal está adquirindo um perfil diversificado, com integração de cadeias produtivas relevantes e que favorecem a exportação de produtos brasileiros de maior valor agregado”, disse o presidente brasileiro.
“Quando o protecionismo comercial ganha força no mundo, demonstramos o potencial da integração. Não há dúvidas de que o Acordo trará benefícios para os dois blocos. Ele significará acesso a bens e serviços mais baratos, aumento dos investimentos e cooperação renovada para proteger o meio ambiente, sem prejuízo da política de neoindustrialização brasileira”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro destacou ainda a necessidade dos dois governos trabalharem pela melhoria da vida de seus cidadãos nos dois países e afirmou que o Brasil mantém o compromisso com a Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa.
Investimentos no Brasil
O primeiro-ministro português disse que há uma perfeita articulação entre os dois governos para assegurar a dignidade dos que escolhem viver em Portugal. Montenegro lembrou que mais de 500 mil brasileiros estão em seu país, e que seu governo tomou novas iniciativas para acelerar a regularização dos imigrantes.
Montenegro citou as diversas áreas em que Brasil e Portugal estão colaborando e criando oportunidades recíprocas de negócios, numa relação cada vez mais elevada e diversificada. Entre elas, citou os investimentos nos próximos anos de grandes grupos portugueses com negócios no Brasil, como a Galp (5 bilhões €), EDP (6 bilhões €) e Vila Galé, que deve inaugurar sua 11ª unidade da rede hoteleira até o final do ano.
O primeiro-ministro português falou do compromisso de seu governo com o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, com medidas que, segundo ele, devem beneficiar 700 milhões de pessoas dos dois blocos, parte significativa do PIB mundial. “Não me cansarei de pedir que o acordo seja implementado pela União Europeia”, afirmou.
Por fim, Montenegro reafirmou a vontade de tornar a língua portuguesa num dos idiomas de trabalho da ONU, anunciando que neste encontro foi formado um grupo de trabalho voltado para isso.
Contra novas taxas comerciais e pela paz na Ucrânia
Ao final, os dois governantes responderam a perguntas de jornalistas portugueses e brasileiros. Entre elas, o reconhecimento de diplomas para que brasileiros possam exercer suas profissões em Portugal. Montenegro admitiu que ainda há lentidão e que Portugal tem interesse em absorver professores, sobretudo para o ensino básico.
Sobre o avanço de organizações criminosas brasileiras (PCC e CV) em Portugal, o primeiro-ministro elogiou a colaboração entre as polícias e órgãos de segurança dos dois países. Montenegro frisou a necessidade de melhoria na expedição de documentos pelos dois países e da adoção de medidas de mapeamento e repressão a esses grupos do crime organizado.
Os dois dirigentes reafirmaram o compromisso com a garantia dos valores da paz e da democracia. O primeiro-ministro português afirmou que seu governo nunca defendeu o envio de tropas da União Europeia para a Ucrânia e que considera essa medida extemporânea.
Já o presidente Lula insistiu que o Brasil tem um compromisso público com o fim da guerra e só está interessado em enviar missões de paz, caso seja chamado a ajudar. Lula defendeu a participação dos dois países diretamente envolvidos no conflito nas negociações.
Posição semelhante foi expressa pelos dois governantes, quando questionados sobre a imposição de novas tarifas comerciais pelos EUA. Tanto Lula quanto Montenegro consideram a taxação de mercadorias um retrocesso que terá consequências prejudiciais a todos os povos.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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