Brasil diz que acompanha eleições na Venezuela com ‘expectativa e preocupação’

O prazo de registro de candidaturas para as eleições no país vizinho se encerrou na noite da última segunda-feira (25). Em nota, Itamaraty afirmou que, até o momento, Venezuela não explicou motivos que impediram candidatura de oposicionista.

 

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota no inicio da tarde desta terça-feira (26) em que diz que o Brasil acompanha com “expectativa e preocupação” o processo eleitoral na Venezuela. As eleições presidenciais no país vizinho estão marcadas para o dia 28 de julho.

A principal frente de oposição da Venezuela afirmou que não conseguiu inscrever a sua candidata, Corina Yoris, no site do Conselho Nacional Eleitoral, o órgão responsável pelas eleições no país. O prazo terminou às 23h59 de segunda-feira (25).

“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país”, declarou o Itamaraty em nota. “Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”, completa o comunicado.

A Venezuela vive uma crise política que vem se agravando nos últimos anos. Nos episódios mais recentes dessa crise os opositores ao governo de Nicolás Maduro ficaram inabilitados; a oposição não conseguiu registrar candidatura; funcionários do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU foram expulsos do país; ativistas de oposição foram presos.

Até então, o discurso oficial do governo brasileiro era o de aguardar o desenrolar do processo eleitoral na Venezuela, pois, na visão do governo, não seria o ideal apontar publicamente desconfianças sobre a forma de o regime de Nicolás Maduro conduzir o processo. Na nota desta terça-feira, o Brasil afirma que o governo Maduro age de forma “não compatível” com o Acordo de Barbados, mediado pela Noruega e que contou com a participação brasileira em busca de um processo eleitoral limpo no país vizinho.

“[O Brasil] observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial”, diz outro trecho da nota.

Ao longo das últimas semanas, diplomatas já vinham afirmando internamente que o comportamento de Maduro ia na “contramão” do Acordo de Barbados. Diante do novo episódio da crise que o país enfrenta, o Itamaraty afirma que o Brasil está disposto a cooperar em conjunto com outros países.

“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil”, diz a nota.

 

Confira a íntegra da nota divulgada pelo Itamaraty nesta terça-feira:

 

“Esgotado o prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas, na noite de ontem, 25/3, o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país.

Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.

Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitaria.

O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil.

O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo.”

(Foto: Frederico Parra/AFP)

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