Brasil chega a 99,3% das crianças com registro civil

Região Norte teve o maior avanço, mas ainda é a que tem o maior percentual de pessoas com até cinco anos sem registro

 

O Brasil tinha 99,3% das crianças de até 5 anos de idade com registro civil em 2022. Em termos absolutos, significa dizer que das 15,3 milhões de meninas e meninos dentro dessa faixa etária, 15,2 milhões tiveram o nascimento registrado em cartórios. O percentual indica evolução em relação à marca de 97,3%, apurada pelo Censo de 2010.

Os dados fazem parte de um suplemento do Censo 2022 divulgado nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual de registro antes de a criança completar 1 ano foi de 98,3% em 2022, crescimento de 4,5 pontos percentuais em relação aos dados de 2010 (94,8%).

O resultado aproxima o país do cumprimento de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que têm mais de 190 signatários. A meta institui a universalização do registro civil até 2030.

Apesar do dado positivo, as informações que apontam onde estão e quem são as crianças sem acesso a registro dão uma pista de que a desigualdade estrutural do país ainda é o que emperra a efetivação total da política. Em números absolutos, em 2022, 114.221 crianças não possuíam registro civil (ou os responsáveis legais não souberam informar a existência do documento).

Entre os seis estados com índices menores a 99%, cinco estão na região Norte e um na região Nordeste. Na análise por raça, o IBGE mostra que houve crescimento entre todas as populações, mas a indígena ainda é a que têm os menores resultados.

“O Brasil melhorou na cobertura de nascimentos. Temos alguns anos até 2030, mas estamos alcançando a meta. Estamos próximos da universalização. Há pontos específicos para se trabalhar, mas estamos confiantes que vamos atingir os 100%”, afirma José Eduardo de Oliveira Trindade, que integra a equipe técnica responsável pela temática no IBGE.

 

Dados

Todas as regiões brasileiras apresentaram aumento no índice de pessoas com até cinco anos de idade registradas em cartório. A região Norte, que historicamente tem os menores níveis, teve a evolução mais expressiva: saiu de 92,6% em 2010 para 97,3%. Em todo o resto do território nacional, o indicador é superior a 99%.

Entre as unidades da federação, apenas seis tiveram resultados inferiores a 99%: Roraima (89,3%), Amazonas (96%), Amapá (96,7%), Acre e Pará (ambos com 98,1%) e Piauí (98,9%).

Ainda que os números sejam positivos, o total de municípios com 100% das crianças registradas não é tão expressivo e chega a 19,7%. Houve uma ampliação considerável entre 2010 e 2022. No censo anterior eram 624 cidades nessa situação, agora, são mais de mil.

O Rio Grande do Sul é o estado com melhor resultado e tem 42% dos municípios com a totalidade da população até cinco anos de idade registrada. Na sequência, com índices entre 26% e 30% estão Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

Apenas 1,17% das cidades brasileiras têm menos de 95% das crianças nessa faixa etária registradas. Isso corresponde a 65 municípios. A maior parte deles estão em Roraima, Amazonas e Amapá.

Os municípios com os menores percentuais do país são Alto Alegre (RR), Amajari (RR) e Barcelos (AM). Em 2022, todos eles possuíam mais de mil pessoas com até cinco anos de idade e sem registro.

“Analisando o perfil dos municípios com as menores coberturas do registro de nascimento em cartório no estado de Roraima é possível verificar que são municípios com população entre 10 e 20 mil habitantes, com altas taxas de natalidade, e em sua grande maioria sem cartórios de registro civil de pessoas naturais”, afirma a publicação do IBGE.

Entre as pessoas residentes em localidades indígenas e que se declararam dessa forma nos quesitos raça e cor do Censo, 89,1% das crianças com menos de cinco anos tinham o registro de nascimento em cartório.

As populações originárias contam com a possibilidade de emitir o Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani), por meio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O documento administrativo é legalmente válido até que seja possível o acesso ao registro civil em cartório.

De acordo com os dados do IBGE, 5% das crianças indígenas de até cinco anos contavam apenas com o Rani em 2022. Novamente a região Norte tinha a maior proporção de casos (7%) e concentrou também mais de 86% da população com até cinco anos sem nenhum tipo de registro.

Roraima apresentou o maior índice de situações dessa natureza, com quase 27% dos nascimentos sem o Rani ou o registro em cartório até os cinco anos de idade. Na sequência estão Amapá (6,6%) e Amazonas (5,5%).

(Foto: Pixnio/Reprodução)

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