Sob a liderança do bloco, o governo brasileiro abordará pautas voltadas para a redução da desigualdade, como o combate à fome e à pobreza. Com reunião ampliada nesta semana na Rússia, bloco discute adesão de novos parceiros e cooperação política e financeira
O Brasil voltará a assumir a presidência do Brics a partir de 1º de janeiro de 2025, após seis anos fora do comando. O retorno à presidência deveria ter ocorrido no início deste ano, conforme as regras de rotatividade, mas o governo brasileiro decidiu adiar, pois também assumiu a presidência do G20 no começo de 2024. Com isso, a Rússia ficou responsável pela presidência do Brics. A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
No próximo ano, o governo brasileiro adotará o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, abordando pautas voltadas para a redução da desigualdade, como o combate à fome e à pobreza. Nesta segunda-feira (21), o Itamaraty detalhou essas prioridades para o próximo ano.
O Brics, formado por dez países, incluindo Brasil, Rússia, China, África do Sul, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, realiza esta semana sua primeira reunião ampliada em Kazan, na Rússia, onde serão discutidos temas estratégicos para o futuro do grupo. A presidência brasileira focará em questões como desenvolvimento sustentável, multilateralismo e combate à desigualdade.
Neste encontro, que será o primeiro com a participação dos novos membros, os chefes de Estado devem debater pautas como a entrada de “países parceiros”, a crise no Oriente Médio e a cooperação política e financeira entre as nações do bloco, conforme informações do Itamaraty. A presidência do Brasil, que deveria ocorrer em 2024, foi adiada em um ano devido ao comando do país no G20, também realizado neste ano. Em 2024, a presidência ficou a cargo da Rússia, e o Brasil retomará o comando em 2025.
Segundo o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia, o governo brasileiro já planeja concentrar as ações do Brics no primeiro semestre de 2025. “No segundo semestre, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA)”, destacou Saboia, ressaltando que o evento será uma prioridade para o governo.
Um dos principais tópicos da cúpula deste ano é a criação da categoria de “países parceiros”, uma proposta que visa ampliar a cooperação e a inclusão no bloco. Atualmente, o Brics é composto apenas por países efetivos, mas, segundo o Itamaraty, existem cerca de 30 países interessados em ingressar como “parceiros”, entre eles Cuba, Venezuela, Nicarágua, Argélia, Nigéria e Turquia. Saboia explicou que o processo de adesão será dividido em duas etapas: “Primeiro, os países do Brics deverão decidir quais critérios serão adotados para que um país seja considerado ‘parceiro’. E, em um segundo momento, serão definidos os países que se encaixam nesses critérios.”
A criação desta nova categoria se alinha ao exemplo de outros blocos internacionais, como o Mercosul, que também possui categorias diferentes para seus membros, incluindo países associados. A proposta visa tornar o Brics mais flexível e ampliar seu alcance global, facilitando a cooperação em diversas áreas estratégicas.
Outro ponto central na presidência brasileira será a defesa de reformas nas instituições de governança global, como o Conselho de Segurança da ONU e o FMI. O Brasil pretende usar sua posição para promover um modelo de governança mais justo e inclusivo, reforçando a importância do multilateralismo.
A expectativa é que a presidência brasileira do Brics reforce o papel do bloco como um ator relevante na política global, promovendo iniciativas para o desenvolvimento sustentável e o combate à fome e à pobreza. Com o comando do Brics em 2025 e a COP30 no mesmo ano, o Brasil se posiciona para liderar discussões globais cruciais para o futuro do planeta.
(Foto: Criador de Imagens Bing)