Bolsonarista radical é escolhido para relatar projeto que prevê anistia a golpistas de 8 de janeiro

Deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) participou de atos políticos ao lado do ex-presidente

 

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), escolheu outro deputado apoiador radical de Jair Bolsonaro, Rodrigo Valadares (União-SE) como relator dos projetos de lei que concedem anistia aos presos do 8 de janeiro. Segundo a parlamentar, a designação se deu pelo “conhecimento técnico e jurídico” do colega.

Ele esteve na Argentina em maio, ao lado de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Júlia Zanatta (PL-SC), para defender asilo político no país vizinho para condenados foragidos da Justiça por participação nos atos golpistas. Além disso, o parlamentar esteve nas manifestações bolsonaristas de 21 de abril, no Rio de Janeiro, e foi anfitrião do ex-presidente nas manifestações em Aracaju-SE, no dia 26 de abril.

Valadares também é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição que ficou conhecida como “PEC da Blindagem”, pois exige que medidas judiciais contra parlamentares tenham aprovação da Mesa Diretora da Câmara ou do Senado. De acordo com dados do Radar do Congresso, o parlamentar votou conforme o governo em 44% das vezes desde o início da legislatura. Em seu perfil no Instagram, o congressista estampa o lema usado por Jair Bolsonaro durante a campanha e mandato: Deus, Pátria e Família.

Ele foi nomeado como relator do projeto para anistiar golpistas após a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) ter deixado a CCJ. Ela relataria a proposta, mas não foi indicada pelo PSol para seguir na comissão. Ao escolher Valadares para o posto, Caroline de Toni afirmou que seguiu “critérios técnicos”. “É uma pessoa formada em direito, que tem noção do processo penal e do devido processo legal. E também teve contato com inúmeros casos concretos”, declarou a parlamentar.

Carol de Toni já adiantou que pretende beneficiar Jair Bolsonaro com o projeto e incluí-lo entre os anistiados. O ex-presidente é investigado pela Polícia Federal (PF), no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), como autor intelectual do movimento golpista que culminou nos atos depredatórios às sedes dos Três Poderes.

Após ser escolhido como relator do projeto de anistia aos golpistas, Rodrigo Valadares disse que Jair Bolsonaro não será incluído entre os anistiados, ao menos “em um primeiro momento”. Ele estaria atendendo a um pedido do próprio ex-presidente. O parlamentar, entretanto, deixou claro que pretende “salvar” o ex-mandatário com sua atuação no Congresso Nacional.

“O presidente Bolsonaro pediu de maneira clara para que ele fosse excluído desse projeto de anistia. Então esse projeto tratará apenas dos presos e daqueles que respondem processo em relação ao dia 8 de janeiro”, disse em entrevista o jornal Folha de S. Paulo.  “Quando chegar o momento oportuno, espero ser um agente para trabalhar nesse sentido, para que ele possa se tornar elegível para 2026, porque ele é o nosso pré-candidato em 2026. Mas esse projeto da anistia não tem nada a ver com isso”, declarou ainda.

(Foto: Reprodução)

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