Guillermo Federico Piacesi Ramos, advogado e apoiador de Jair Bolsonaro (PL), que afirma residir na Itália, tem promovido novas hostilidades contra a jornalista Natuza Nery, da Globonews. Isso ocorre após a jornalista ter sido ameaçada pelo policial civil Arcênio Scriboni Júnior em um supermercado localizado em Pinheiros, um bairro de classe alta na zona Oeste de São Paulo, na última segunda-feira (30).
Em uma postagem na rede X nesta quarta-feira (1º), Piacesi provocou a base bolsonarista ao usar um termo em italiano para se referir à jornalista da Globo.
“Natuza Nery é o que aqui na Itália é conhecido como uma ‘persona troppo morbida‘. Uma pessoa extremamente delicada e sensível. Ao ouvir uma voz elevada e firme, desaba em lágrimas e não consegue se controlar“, comentou o apoiador de Bolsonaro.
Logo depois, ele questiona as ameaças proferidas por Scriboni, que teve uma explosão de raiva ao ver a jornalista, afirmando que ela e a Globo “devem ser exterminadas“. Após essa ameaça, que aconteceu na presença de várias testemunhas, o policial passou a ser investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.
Apoiadores de Bolsonaro
“Estou convicto de que, caso surjam gravações sobre a suposta ameaça do policial, veremos apenas um cidadão expressando de maneira contundente sua desaprovação em relação à atuação dele, que, por ter um caráter público, é passível de críticas. Esse indivíduo age como representante de um governo mal visto e, em várias ocasiões, veicula desonestidade intelectual ao distorcer a realidade“, completou o advogado, incentivando os apoiadores de Bolsonaro a fazerem novas “críticas” a jornalistas que não aceitam as teorias da conspiração disseminadas pelo ex-presidente e seu grupo.
“No vídeo, que podemos visualizar, estão expressões contundentes dirigidas a ela. Isso não se relaciona a uma ‘ameaça’. A afirmação de estar ameaçada é apenas a maneira escolhida pela extremamente sensível Natuza Nery para se vingar daqueles que a criticaram de maneira pública“, ele também mencionou, ao fazer uma analogia com os ataques realizados por apoiadores de Bolsonaro contra a família do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no aeroporto de Roma.
O conteúdo foi veiculado como um artigo no site jornaldacidadeonline, que integra a rede de desinformação associada a Bolsonaro, e disseminado em comunidades extremistas na plataforma Telegram.
Radical bolsonarista
O agente da polícia civil de São Paulo, apontado como responsável por ameaçar a jornalista Natuza Nery em um supermercado, foi nomeado como Arcenio Scribone Junior. Com a revelação de sua identidade, constatou-se que ele é um apoiador fervoroso de Jair Bolsonaro, que usava as plataformas digitais para promover a ideia de um golpe, criticar o sistema eleitoral do país, espalhar desinformação, atacar a esquerda política e advogar por uma intervenção militar no Brasil.
Depois que a ameaça direcionada a Natuza Nery foi revelada e a Corregedoria da Polícia Civil iniciou uma apuração sobre o ocorrido, o agente da polícia decidiu eliminar suas contas nas redes sociais. No entanto, usuários da internet conseguiram capturar postagens em que o autor da agressão à jornalista demonstra ser um bolsonarista radical e um defensor de uma mudança democrática.
Em dezembro de 2022, um agente da polícia fez uso do X (o antigo Twitter) para apoiar uma demonstração de apoiadores de Bolsonaro que defendiam um golpe de Estado. “Nesses momentos, sinto orgulho de ser brasileiro. Nossa população está viva“, publicou acompanhando uma imagem do protesto golpista.
No mesmo mês, Arcenio Scribone Junior divulgou uma informação incorreta, alegando que Jair Bolsonaro alcançou mais de 73% dos votos nas eleições de outubro daquele ano, derrotando Luiz Inácio Lula da Silva. “Esta é a verdade que a imprensa tentou ocultar dos brasileiros”, escreveu ele.
Em uma postagem na rede Threads em novembro de 2024, o agente da lei afirmou que estaria “capturado ou falecido” ao responder a uma indagação sobre onde estaria se “executasse todos os seus desejos“.
Natuza ameaçada
O agente da polícia civil Arcenio Scribone Junior teve uma reação explosiva ao encontrar a repórter Natuza Nery, da Globo, em um mercado localizado em Pinheiros, um bairro de classe alta na Zona Oeste de São Paulo, nesta quarta-feira (1º).
O policial que agrediu a repórter da Globo em uma região de prestígio da cidade já está sob investigação da Corregedoria da Polícia Civil, que tem a autoridade para efetuar sua demissão.
De acordo com reportagens de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, um policial que estava de folga se aproximou da jornalista em um supermercado e questionou se ela era a Natuza Nery, da Globonews. Até o momento, Natuza não comentou sobre o incidente.
Ao receber uma resposta favorável, o agente entrou em desespero e começou a proferir ameaças, afirmando que indivíduos como a jornalista “devem ser eliminados“.
Ofendendo jornalista
O agente policial também teria repetido as palavras de Jair Bolsonaro (PL), afirmando que a Globo e a repórter seriam “culpadas” pela crise no país.
Os insultos começaram novamente enquanto Natuza estava no caixa. O policial começou a ofender a jornalista. Uma pessoa ao seu lado tentou pedir que ele parasse com a agressão verbal, mas não foi atendida.
A corporação da Polícia Militar foi chamada e registrou a ocorrência, que foi encaminhada ao 14º DP. Quando se constatou que o suspeito era um policial civil, o caso foi direcionado à Corregedoria.
A Secretaria de Segurança Pública declarou em comunicado que “foram conduzidas investigações no supermercado para localizar gravações do incidente e possíveis testemunhas”. (Foto: O Globo; Rede Social/ Reprodução)
Com informação de O Globo / Uol/ CNN)
