Segundo o presidente, os Estados Unidos estão em um “ponto de inflexão”, às vésperas da eleição
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez seu primeiro pronunciamento após desistir de disputar a reeleição, no último domingo. Na noite desta quarta-feira (24), o mandatário de 81 anos afirmou que a “defesa da democracia é maior que qualquer cargo” e que está “passando o bastão” para a nova geração, como forma de unir o país.
“Eu reverencio esse cargo, mas amo mais meu país”, afirmou Biden no início do discurso, feito do Salão Oval da Casa Branca. “Tem sido a honra da minha vida servir como seu presidente, mas a defesa da democracia, que está em risco, é maior que qualquer cargo”, disse.
“Acredito que meu histórico como presidente, minha liderança no mundo, minha visão para o futuro dos Estados Unidos, tudo isso mereceria um segundo mandato”, declarou, na Casa Branca. “Mas nada pode atrapalhar a defesa da democracia, nem mesmo a ambição pessoal”, completou.
No domingo, minutos depois de confirmar que desistiu de buscar um novo mandato, Biden defendeu que o Partido Democrata escolha a vice-presidente Kamala Harris como candidata à Casa Branca. Duas pesquisas divulgadas nos últimos dias apontam um cenário de equilíbrio na provável disputa entre ela e o republicano Donald Trump.
Um levantamento CNN/SSRS publicado nesta quarta aponta empate técnico: Trump aparece com 49% das intenções de voto entre eleitores registrados, ante 46% da democrata. A margem de erro é de três pontos percentuais. Já uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na terça aponta Kamala numericamente à frente, com 44%, enquanto Trump marca 42%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, também há um empate técnico.
De acordo com Biden, os Estados Unidos estão em um “ponto de inflexão”. “Este é um dos raros momentos na história em que as decisões que tomamos agora determinam o destino de nosso país e do mundo”, prosseguiu, nesta quarta.
“Os Estados Unidos terão de escolher entre seguir em frente ou retroceder; entre esperança e ódio; entre unidade e divisão. Temos de decidir se ainda acreditamos em honestidade, decência, respeito, fé na Justiça e na democracia.”
Por isso, acrescentou Biden, chegou a hora de “passar o bastão para uma nova geração”. “Há o momento para novas vozes, mais frescas, mais jovens. Este é o momento.”
Ele reforçou, porém, que cumprirá o período restante de seu mandato e elencou algumas das prioridades de sua gestão, como avançar na resolução das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza e aplicar políticas de combate às mudanças climáticas. Defendeu, também, a necessidade de continuar a se pronunciar contra a violência armada nos Estados Unidos.
A tendência é que o Partido Democrata formalize a candidatura de Kamala até o início de agosto. Mesmo antes da nomeação, porém, ela já leva sua campanha à rua com comícios enérgicos. “Acredito que estamos diante de uma escolha entre duas visões diferentes de nossa nação: uma focada no futuro e outra no passado”, disse a democrata, nesta quarta, em Indianápolis. “E com o apoio de vocês, estou lutando pelo futuro de nossa nação.”
Na terça, durante um ato em Wisconsin, Kamala enfatizou os diversos casos judiciais contra Trump e destacou um dos motes de sua campanha: o de uma ex-procuradora contra um criminoso.
Após o presidente dos Estados Unidos desistir da candidatura à reeleição, as doações para os democratas dispararam. A campanha online arrecadou em torno de US$ 50 milhões (cerca de R$ 280 milhões, na cotação atual) somente no domingo, 21, conforme a ActBlue, plataforma de arrecadação de fundos do partido. Foi o maior dia de arrecadação dos democratas em quatro anos, desde a eleição de 2020. Até então, a campanha tinha cerca de US$ 96 milhões (R$ 538 milhões) em caixa.
(Foto: Evan Vucci/AP)