Biden alerta para o perigo de uma oligarquia estadunidense

Por Henrique Acker    –   As palavras de Joe Biden no pronunciamento de conclusão de seu governo, em 15 de janeiro, podem ser definidas como estarrecedoras. O alerta do presidente sobre as ameaças que pairam na sociedade estadunidense não é propriamente uma novidade, mas lança enorme preocupação, em se tratando da maior potência mundial.

“Hoje, está se formando uma oligarquia nos Estados Unidos, baseada em extrema riqueza, poder e influência, que realmente ameaça toda a nossa democracia, nossos direitos básicos, nossa liberdade e a oportunidade justa de todos progredirem”, disse Biden.

Trata-se de uma advertência sobre a formação de uma casta de super-ricos em torno de Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro. Biden criticou a influência de multimilionários do setor tecnológico junto do próximo governo dos EUA e a promoção de uma “avalanche de desinformação que facilita o abuso de poder”.

 

Bilionários e influentes

A próxima Administração Trump será a mais rica da história, contando com vários multimilionários nomeados para cargos governativos, dependendo de confirmação pelo Senado, como Scott Bessent (Tesouro), Doug Burgum (Interior), Howard Lutnick (Comércio) ou Linda McMahon (Educação).

Na órbita da Casa Branca está o homem mais rico do mundo, Elon Musk, que ficará com um projeto de reforma do Estado a seu cargo. É notória a aproximação recente de Jeff Bezos (Amazon) e de Mark Zuckerberg (Meta), segundo e terceiro homens mais ricos do mundo, além do presidente da Microsoft, Satya Nadella.

Todos os maiores dirigentes do setor das big techs – as multinacionais do mundo digital mais valorizadas do planeta – estarão na tribuna de honra da cerimônia de tomada de posse do próximo presidente, na segunda-feira, 20 de janeiro.

Até o pronunciamento de Biden, os grupos de mídia do Ocidente só se referiam à existência de uma oligarquia e a presença de oligarcas no entorno do governo de Vladimir Putin, na Rússia.

 

Instituições dominadas

Em entrevista publicada pelo portal Contexto e Ação, em 4 de novembro, a historiadora francesa Sylvie Laurent já alertava para os perigos que o governo Trump2 pode representar na sociedade estadunidense e mundial.

“Com o hipotético retorno de Trump à Casa Branca, o país enfrentaria algo mais que uma simples mudança. Seria uma contrarrevolução que o deixaria como uma democracia danificada de maneira definitiva. Pode soar hiperbólico, mas é o sentimento de muitos americanos. Eles acreditam que a trajetória histórica dos Estados Unidos como uma democracia liberal está em jogo.”

Para justificar sua conclusão, Laurent explica que os EUA assistiram a um processo de crescimento do conservadorismo em todas as esferas da sociedade nos últimos anos.

“O Partido Republicano está controlado por Trump. Seu número dois, JD Vance, posiciona-se ainda mais à direita. A maioria dos juízes da Suprema Corte identifica-se com uma linha ultraconservadora. No ecossistema midiático e intelectual, as ideias da Nova Direita ganharam força.”

 

Processos anulados ou congelados

Nas costas do novo presidente ainda pesam 37 processos, dos quais dois de âmbito federal. Esses processos, que dizem respeito às acusações de que Trump teria sido o mentor do ataque ao Capitólio, na véspera da posse de Joe Biden (1 de janeiro de 2020), e às tentativas de Trump de anular os resultados da eleição de 2020.

No entanto, de acordo com juristas estadunidenses, a volta de Trump à Presidência anula ou adia os processos. “No mínimo pelos próximos quatro anos, parece bastante provável que os julgamentos sejam de alguma forma interrompidos ou possivelmente suspensos”, afirmou à DW o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Chicago, Eric Posner.  (Foto: Reprodução)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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Fontes:

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Íntegra do pronunciamento de Biden (com legendas em Espanhol)

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