Os dados fazem parte do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira pela autoridade monetária
O Banco Central revisou a projeção de crescimento da economia brasileira de 2,3% para 3,2% este ano, no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (26). Segundo a autoridade monetária, a elevação da estimativa de crescimento foi “influenciada pela surpresa positiva no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre”. A previsão para 2025 é de um avanço de 2%.
O texto destaca, no entanto, que a expectativa é de um ritmo de crescimento menor no segundo semestre deste ano e em 2025, “em linha com a expectativa de menor impulso fiscal; a interrupção da distensão da política monetária; o reduzido grau de ociosidade de fatores de produção; e a ausência de forte impulso externo”.
A projeção da inflação também foi revisada para cima, 3,96% para 4,31%.O centro da meta de inflação é 3%, com uma banda de variação de 1,5% para cima ou para baixo.
Segundo BC, a revisão da atividade econômica acontece principalmente pela surpresa positiva no segundo trimestre deste ano. A autarquia disse ainda que os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul foram menores do que o esperado, além das altas no consumo das famílias, nos investimentos e nos setores mais cíclicos da economia.
“A atividade econômica brasileira manteve‑se robusta no segundo trimestre, com crescimento outra vez acima do esperado, o que levou a uma nova rodada de revisão para cima nas projeções de crescimento para 2024”, informou o relatório.
O BC vê que a agropecuária terá um recuo menor do que previsto no relatório anterior, de 2% para 1,6%. O motivo tem relação com as projeções para a pecuária e para a “produção florestal, pesca e aquicultura”. Para o setor de serviços, a projeção foi revista de 2,4% para 3,2%. Houve melhora nas previsões para todas as atividades, com exceção de “transporte, armazenagem e correio”, que ficou praticamente estável.
“As revisões refletem as surpresas nos resultados do segundo trimestre e os primeiros resultados de indicadores mensais para o terceiro trimestre”, apontou.
Para 2025, o Banco Central projeta um crescimento de 2%, com variações nos componentes da oferta e da demanda razoavelmente homogêneas e, de modo geral, menores do que as esperadas para 2024.
“Apesar das surpresas sucessivas, espera-se um menor ritmo de crescimento no segundo semestre de 2024 e ao longo de 2025, devido à expectativa de menor impulso fiscal, à interrupção da flexibilização monetária iniciada em 2023, ao menor grau de ociosidade dos fatores de produção e à ausência de forte impulso externo, considerando a perspectiva de crescimento mundial em 2025 semelhante ao de 2024”, afirmou.
Pelo lado da oferta, agropecuária, indústria e serviços devem crescer, pela ordem, 2%, 2,4% e 1,9%. Na demanda, os aumentos esperados para o consumo das famílias, o consumo do governo e a FBCF são 2,2%, 2,0% e 2%, respectivamente.
Inflação maior em 2024 e 2025
As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também subiram. Segundo o BC, depois de ter terminado 2023 em 4,6%, a inflação cai para 4,3% em 2024, 3,7% em 2025 e 3,3% em 2026, diante da meta de 3%.
Na comparação com o Relatório anterior, as projeções de inflação subiram em todo o horizonte apresentado, aumentando assim o distanciamento em relação à meta. A elevação das projeções variou entre 0,1 e 0,5 p.p. ” O aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado, da depreciação cambial e do aumento das expectativas de inflação”, disse o relatório.
(Foto: Bloomberg)