Barroso: -“O mundo vive ‘prova de fogo’ para preservar democracia diante da ascensão da extrema-direita”

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, afirmou neste sábado (22) que o mundo vive uma “prova de fogo” para preservar a democracia diante da ascensão da extrema-direita em diversos países.

Barroso deu as declarações durante participação em um evento organizado por estudantes brasileiros da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Em pronunciamento, o ministro também citou o avanço da desinformação e de discursos de ódio. Para ele, as sociedades civilizadas têm o desafio de fazer com que mentir “volte a ser errado”.

“A democracia brasileira viveu uma grande prova de fogo como o mundo tem vivido uma prova de fogo na preservação da democracia pela ascensão de uma extrema-direita intolerante em muitas partes do mundo, pela utilização dos discursos de ódio e da desinformação como estratégia de atuação política. E, em muitas partes do mundo, pela captura do sentimento religioso, com o uso abusivo em matéria política”, afirmou o magistrado.

O ministro disse que a democracia tem espaço para todas as correntes político-ideológicas, mas não há lugar para quem “não se disponha a respeitar as regras do jogo e os resultados eleitorais”.

Para Barroso, no entanto, apesar das provas de fogo a que tem sido submetido, o Brasil tem conseguido preservar as instituições democráticas consagradas pela Constituição de 1988.

 

Regulação das plataformas digitais

Na palestra, o presidente do STF voltou a defender a regulação das plataformas digitais, uma vez que o mundo “se tribalizou” e as pessoas vivem, nas redes sociais, um “viés de confirmação”.

“As pessoas estão sempre lendo as mesmas coisas e se radicalizando. Estamos em um mundo em que a imprensa sofreu uma crise no seu modelo de negócio e nós perdemos esse espaço importante de criação de fatos comuns sobre os quais as pessoas formem as suas opiniões”, disse.

Para Barroso, as plataformas digitais criaram um mundo em que tribos têm narrativas próprias e já não compartilham mais os mesmos fatos.

“Isso é muito grave. O ideal é que as pessoas formem as suas opiniões a partir de verdades relativas mas pré-estabelecidas. E nesse mundo das plataformas digitais as pessoas criam as suas próprias narrativas. Precisamos fazer com que mentir volte a ser errado de novo”, conclui o presidente do STF. (Foto: Reprodução/Canal Brazil)

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