Barroso: Forças Armadas ‘foram manipulados’ e ‘fizeram papelão’ em verificação das urnas de 2022

Sem citar nomes, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) analisou, nesta segunda-feira (4), que os militares foram “arremessados na política por uma má liderança”: “uma das coisas mais dramáticas para a democracia”

 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou, nesta segunda-feira (4), durante a aula inaugural da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a postura das Forças Armadas no mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e avaliou como “papelão” a atuação dos militares na verificação da segurança das urnas, em 2022.

“Foram manipulados e arremessados na política, por más lideranças, fizeram um papelão no TSE. Convidados para ajudar na segurança e para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas”, disse o ministro. Apesar da afirmação, Barroso evitou citar diretamente o nome de Jair Bolsonaro (PL) como o responsável pela politização das Forças Armadas.

Após o pleito, o Ministério da Defesa, que chefia os militares, divulgou um relatório em que afirma não excluir “a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”. O mesmo documento informava também que não foram encontradas fraudes. O atual presidente do TSE, Alexandre de Moraes, decidiu retirar as Forças Armadas da comissão de fiscalização, uma vez que o desempenho dos militares em 2022 se provou “incompatível” com o papel das Forças.

Para Barroso, o que chamou de “politização das Forças Armadas”, acabou se apresentando como uma das questões mais “dramáticas para a democracia”. “Porque, desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência, de não interferência, de cumprir as suas missões constitucionais, de ocupar espaços remotos da vida brasileira”, disse o magistrado, que analisou a atual conjuntura como “voltando ao normal”.

Nesta linha, Barroso listou o uso dos serviços de inteligência para perseguir adversários, incentivo aos acampamentos golpistas, desfile de tanques na Praça dos Três Poderes e ataques à imprensa, como uma articulação visando um golpe. “[Isso acabou] culminando no 8 de Janeiro, que não foi um processo espontâneo, foi uma articulação”, afirmou.

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Arquivo Agência Brasil)

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